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Inflação acelera a 0,83% em maio, a maior para o mês em 25 anos

Inflação de maio foi a mais alta para o mês desde 1996, quando atingiu 1,22% - Henrique Santiago/UOL
Inflação de maio foi a mais alta para o mês desde 1996, quando atingiu 1,22% Imagem: Henrique Santiago/UOL

Do UOL, em São Paulo

09/06/2021 09h13Atualizada em 09/06/2021 10h46

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial no país, acelerou a 0,83% em maio, após fechar em 0,31% em abril. Essa é a maior taxa para o mês desde 1996, quando atingiu 1,22%.

O indicador acumula alta de 3,22% no ano e de 8,06% nos últimos 12 meses. Com isso, a inflação fica acima da meta estabelecida pelo Banco Central para este ano, que é de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos, ou seja, podendo variar entre 2,25% e 5,25%.

Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e se referem às famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos.

Conta de luz sobe 5,73%

O aumento na conta de luz, que subiu 5,73%, pesou no bolso dos brasileiros em maio. No mês passado esteve em vigor a bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,169 na conta de energia a cada 100 quilowatts-hora consumidos.

Outras altas também tiveram forte impacto no mês, como na conta de água e esgoto (1,61%), gás de botijão (1,24%) e gás encanado (4,58%). Com isso, o grupo habitação foi o que teve maior impacto sobre o IPCA em maio (0,28 ponto percentual) e também o de maior variação (1,78%).

A alta de 5,37% da energia elétrica se deve a dois fatores. O primeiro deles foi que em maio passou a vigorar a bandeira tarifária vermelha patamar 1, que trouxe uma diferença grande em relação à bandeira amarela, que estava em vigor de janeiro a abril. O outro fator é a série de reajustes que houve no final de abril em várias concessionárias de energia elétrica espalhadas pelo país.
Pedro Kislanov, gerente da pesquisa

Gasolina volta a ter alta

O segundo maior impacto no índice veio do grupo transportes (0,24 p.p.), que teve aumento de 1,15% em maio. Nele, o maior impacto veio da alta de 2,87% da gasolina, cujos preços haviam recuado 0,44% em abril.

"Houve esse recuo, em abril, porque no fim de março houve duas reduções no preço da gasolina nas refinarias, mas depois houve outros reajustes, que acabaram chegando ao consumidor final", afirmou o pesquisador.

Outros produtos do grupo também tiveram seus preços aumentados, como o gás veicular (23,75%), o etanol (12,92%) e o óleo diesel (4,61%).

Carne acumula alta de 38% em 12 meses

O grupo de alimentação e bebidas, que já havia tido alta de 0,4% em abril, registrou inflação de 0,44% em maio. Os preços na alimentação no domicílio desaceleraram (0,23%) frente a abril, quando haviam tido alta de 0,47%.

Essa desaceleração foi causada, especialmente, pela queda nos preços das frutas (-8,39%), da cebola (-7,22%) e do arroz (-1,14%). Já as carnes (2,24%) continuam a subir e acumulam aumento de 38% nos últimos 12 meses.

Para Kislanov, o aumento das carnes é um dos fatores que explicam por que comer fora de casa ficou mais caro. A alimentação fora do domicílio teve alta de 0,98% em maio e, no mês anterior, havia subido 0,23%. As altas do lanche (2,1%) e da refeição (0,63%) contribuíram para o aumento. Em abril, os dois itens tiveram queda em seus preços.

"Um dos motivos que podem explicar esse comportamento na alimentação fora de casa é o aumento de custos, devido à alta nos preços das proteínas. Normalmente quando se faz uma refeição fora de casa, há mais o consumo de componentes como o pão, a carne e o arroz, por exemplo, do que das frutas. Outro aspecto é o possível aumento de demanda. Abril foi um mês em que houve intensificação das medidas restritivas. Já maio, por ter tido uma abertura maior, pode ter influenciado o aumento da demanda", disse o pesquisador.