Riscos e recompensas precisam ser encarados com realismo ao empreender
Marco Roza
Colunista do UOL
02/09/2015 06h00
Geralmente os empreendedores novatos -- e, talvez por isso, cheios de impulsos adolescentes -- empreendem para confirmar sua determinação de enfrentar riscos.
Mas, sem ter consciência, que vem da prática, de que a avaliação do risco de criar uma empresa emerge do equilíbrio entre as recompensas prováveis e as perdas igualmente prováveis, o empreendedor agressivo, qualificado, cheio de capital e relacionamentos pode ser atropelado pela realidade, sem entender direito o que deu errado.
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Na maioria dos sonhos que o empreendedor (ou empreendedora) eufórico divide com seus parceiros e eventuais financiadores ou sócios, destacam-se apenas os pontos positivos, que são como coelhinhos empalhados perseguidos pelos cães de corridas. Ou seja, criam-se cenários onde há o risco de o acerto ser mais ou menos positivo, a curto ou médio prazos, mas são sempre acertos.
Quando acontecem os revezes naturais e implacáveis em qualquer organização, o gestor de alma adolescente nem sempre está preparado para equacionar a nova situação.
Ter que vender um patrimônio, um carro por exemplo, para evitar buscar mais um empréstimo, é considerado uma questão pessoal e emocional. Ter que eliminar os custos de um escritório bem situado, abrir mão dos auxiliares que o bajulavam todos os dias, inclusive nos restaurantes onde tinham as contas pagas, é percebido como perda de amigos e de status.
Mas a pancada que a realidade dá ao projeto é real e inadiável. Ou o empreendedor se adapta e aprende a reavaliar sua estratégia e se desapega de ícones convencionais, traduzidos em bens materiais, ou vai para o poço.
Caso aprenda a lição e, a maioria o faz, quando recolocar a empresa na rota de expansão, avaliará cada decisão gerencial equilibrando as recompensas prováveis e as perdas igualmente prováveis. E se preparará para lidar com as duas possibilidades, sempre.
Aprenderá, por exemplo, a distinguir os bens pessoais dos bens da empresa, que tratará como reservas estratégicas, das quais usufruirá enquanto mantiver o acerto de suas estratégias e que reinvestirá nas épocas de vacas magras.
Se manterá atento ao equilíbrio entre perdas e recompensas, para se amadurecer um empresário (ou empresária) equipado com um excelente radar de risco. Navegará, então, com relativa facilidade pelos ambientes turbulentos e nublados que envolvem todo o universo de negócios.