BRF, dona da Sadia e Perdigão, tem novo comando, e ações sobem. E agora?

A BRF (BRFS3), dona da Sadia e da Perdigão, anunciou hoje, 30, que Miguel de Souza Gularte, atual presidente da Marfrig (MRFG3) vai deixar a concorrente para assumir a posição de diretor presidente global da companhia.

Ontem, Lorival Nogueira Luz Júnior, diretor-presidente global da BRF renunciou ao cargo, depois de mais de uma década. Luz estava no posto desde a aquisição da Sadia pela Perdigão e formação da BRF, em 2011. A Marfrig tem uma participação de 33,27% na BRF, sendo a principal acionista da empresa.

Desde o anúncio, as ações da BRF estão em alta e as da Marfrig, em baixa. E agora, devo investir?

A BRF teve o sétimo maior prejuízo do segundo trimestre de 2022 dentre as empresas do Ibovespa, com perdas de R$ 559 milhões.

A Marfrig, dona das marcas Bassi e Montana Steakhouse, por sua vez, colocou Rui Mendonça Junior como seu diretor-presidente. Ele está na companhia desde 2007 e era diretor de industrializados na América do Sul.

O que está acontecendo com as ações? Por volta das 14h, as ações da BRF estavam em alta de 0,73%. Já as da Marfrig estavam em queda, de 3,64% no mesmo horário. Há rumores no mercado de que poderá haver uma fusão, o que está movimentando as ações.

E o que essa mudança na liderança significa? A mudança era aguardada pelo mercado desde que Marcos Molina, fundador da Marfrig, assumiu a presidência do conselho de administração da BRF, no final de março, segundo publicou a Ativa Investimentos, em documento para acionistas.

Para Régis Chinchila, da equipe de análises da Terra Investimentos, o movimento aumenta as chances de que a Marfrig aumente sua participação na empresa. "Ela aumenta a expectativa de um movimento futuro de consolidação, afinal a Marfrig já tem 33,27% da BRF. Acreditamos nesse movimento de sinergia entre as empresas no médio prazo", diz o analista.

O mercado considerou positiva a mudança, uma vez que o novo presidente tem experiência no setor e é alinhado com a Marfrig, a principal acionista.

Os desafios para a BRF não são pequenos. É preciso ter uma margem de lucro melhor, aumentar sua presença no segmento de alimentos processados no Brasil e diminuir a relação da sua dívida com as receitas, afirmou a Ativa.

Para a XP, a mudança também foi boa. "Miguel deve ser capaz de tornar a BRF mais ágil, eliminando a inércia incômoda que era responsável por oportunidades perdidas no passado da BRF. Ele também poderia aumentar a participação das exportações em sua receita, algo que vemos como positivo", publicou a empresa, em documento para investidores.

E o que fazer com as ações? A Terra mantém a recomendação de compra para BRFS3, com preço alvo de R$ 20. Também recomenda compra de MRFG3, com expectativa de que o preço chegue a R$ 22.

Mas a XP acha que não é hora de compra, nem de vender. Essa mudança na liderança pode continuar afetar as ações. Mas a virada nos negócios que a empresa precisa fazer é muito mais profunda. Então a corretora prefere esperar para ver: "um processo de virada é muito mais profundo e estamos ansiosos para ver como a nova governança afetará a BRF".