Após 800 demissões, empregados da Volkswagen no ABC entram em greve
SÃO PAULO - A Volkswagen do Brasil anunciou nesta terça-feira (6) a demissão de 800 empregados de sua fábrica em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, e indicou que novos cortes poderão ocorrer adiante pelo mau momento do setor automotivo.
Após o anúncio, trabalhadores da fábrica decidiram entrar em greve por tempo indeterminado, em protesto contra as demissões. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a greve foi aprovada em assembleia realizada às 7h, que contou com cerca de 7 mil trabalhadores, quase a totalidade dos funcionários do turno da manhã.
A montadora informou em nota à imprensa que, "visando estabelecer condições para um futuro sólido e sustentável para a Unidade Anchieta, tendo como base o cenário de mercado e os desafios de competitividade, a Volkswagen do Brasil anuncia que haverá o desligamento de 800 empregados em sua fábrica no ABC Paulista, após período de licença remunerada de 30 dias."
O setor automotivo, importante fonte empregadora no país, foi beneficiado por reduções tributárias após a crise global de 2008/09, o que ajudou a manter as vendas de veículos no país em alta até 2012, quando o governo federal estendeu benefícios do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido desde que as montadoras não demitissem.
Em 2013 e 2014, porém, as vendas de veículos no país amargaram queda e a expectativa é de nova redução neste ano.
Segundo a Volkswagen, as demissões representam a "primeira etapa de adequação de efetivo" e que "continua urgente a necessidade de adequação de efetivo e otimização de custos para melhorar as condições" da Unidade Anchieta.
Montadora diz que medidas paliativas não funcionaram
Pela manhã, os trabalhadores da fábrica votaram por greve por tempo indeterminado e aguardam contato da empresa para negociar, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
A montadora também disse em nota que medidas paliativas adotadas desde 2013, como férias coletivas e suspensão temporária dos contratos de trabalho, não foram suficientes diante das expectativas para a indústria automotiva.
A companhia disse ainda ter buscado uma alternativa junto ao sindicato, propondo adequar o quadro de empregados através da abertura de programas de demissão voluntária (PDV) com incentivo financeiro para saída de funcionários e da redução de temporária de terceirizados para alocação de parte do excedente de pessoal.
A Volkswagen informou que a proposta foi rejeitada em assembleia realizada em 2 de dezembro.
A Unidade Anchieta tem 13 mil funcionários e produz os veículos Gol e Saveiro. No ano passado, a unidade parou de fabricar a Kombi e o Gol de quarta geração por causa da legislação obrigando o airbag em todos os automóveis.
(Com Reuters; por Brad Haynes e Alberto Alerigi Jr.)
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