Criada no Plano Real, nota de R$ 100 compra somente R$ 13,28 após 30 anos
Passados 30 anos desde que o real entrou em circulação, a inflação reduziu o poder de compra do povo brasileiro. Desde então, uma nota de R$ 100, equivalente ao salário mínimo após a adoção do Plano Real, compra apenas o equivalente a R$ 13,28.
O que aconteceu
Poder de compra do brasileiro caiu 86,72% desde a implantação do Plano Real. Os cálculos realizados pelo professor economia José Ronaldo Souza, do Ibmec-RJ (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), evidenciam a defasagem da moeda nacional nos últimos 30 anos. "Se você guardou uma nota de R$ 100 desde 1994, perdeu R$ 87 em termos de poder de compra", explica ele.
Nota de R$ 100 representou o valor do salário mínimo no ano de 1995. Com a adoção do processo para estabilização econômica, a nota de maior valor da primeira família do real representava o piso da remuneração paga aos trabalhadores brasileiros. Passados 30 anos, são necessárias mais de 14 cédulas iguais para arcar com o salário mínimo de R$ 1.412 embolsado atualmente aos brasileiros, valorização de 1.312%.
Inflação acumulada do período supera 700%. Desde o início da circulação das notas de real na economia, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) saltou 708,02% entre julho de 1994 e maio de 2024, de acordo com dados divulgados todos os meses pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 30 anos, qualquer economia vai ter uma perda grande de poder de compra da moeda. No caso brasileiro, houve uma corrosão maior do que nos países desenvolvidos devido a várias crises, que resultaram na desvalorização cambial e anos de inflação mais elevada.
José Ronaldo Souza, do Ibmec-RJ
Investimento
Para quem não manteve R$ 100 embaixo do colchão, o resultado foi positivo. A manutenção do valor na caderneta de poupança fez a aplicação saltar 1.690%, para R$ 1.790,44 até maio de 2024. A correção foi realizada pela Calculadora do Cidadão, disponibilizada pelo Banco Central.
Outras opções trouxeram ainda mais rentabilidade aos investidores. Para aqueles que protegeram os R$ 100 em títulos atrelados à taxa Selic, o ganho totaliza 8.160%, para mais de R$ 8.260,07. Já as aplicações com remuneração de 100% do CDI (Certificados de Depósitos Interbancários) em igual período, avançaram 7.994%, a R$ 8.093,88.
Plano Real
A entrada em circulação do real completa 30 anos nesta segunda-feira (1º de julho). A substituição do cruzeiro real foi resultado do processo de estabilização econômica iniciado em 1993 para conter a inflação no Brasil.
As cédulas presentes na rotina dos brasileiros integram duas famílias de notas. Os modelos exibem a efígie da República de um lado e animais da fauna nacional de outro. Em 1994, eram impressas apenas cédulas de R$ 1, R$ 5, R$ 10, R$ 50 e R$ 100.
Em 2003, o Banco Central colocou em circulação as cédulas de R$ 2 e R$ 20. O movimento antecedeu o fim da produção das notas de R$ 1 em 2006, quando o papel foi substituído pelas moedas devido ao menor custo de fabricação.
A segunda família do real surge em 2010 para aumentar a segurança das notas. As novas cédulas apresentaram a novidade do número escondido, da faixa holográfica nas notas de R$ 50 e R$ 100 e da alteração da cor do número das cédulas de R$ 10 e R$ 20.
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