Americanas: Ex-diretora fecha acordo para se entregar em Lisboa sem algema
A ex-diretora das lojas Americanas Anna Saicali vai se entregar às autoridades portuguesas no aeroporto de Lisboa. Ela foi colocada na lista da Interpol após ser considerada foragida.
O que aconteceu
Anna Saicali não será mais presa preventivamente. A decisão é do juiz Márcio Muniz Da Silva Carvalho, da 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, que atendeu a um pedido da defesa na noite de sexta-feira (28). Os advogados pediram a revogação da prisão, com o comprometimento de retorno ao Brasil.
Apresentação será neste domingo (30), no aeroporto de Lisboa. Em seguida, ela vai embarcar para o Brasil, sem necessidade de usar algemas.
Na realidade, ANNA CHRISTINA RAMOS SAICALI deve apenas se apresentar às autoridades portuguesas no aeroporto de Lisboa, sem ser detida, nem algemada, nem passar por qualquer tipo de constrangimento ou vexame, sendo apenas acompanhada pelas autoridades policiais até o seu embarque no voo de volta ao Brasil, e recebida pelas autoridades policiais brasileiras, às quais deverá entregar seu passaporte conforme requerido pelo Ministério Público Federal, submetendo-se apenas à medida cautelar de proibição de ausentar-se do país
Juiz Márcio Muniz Da Silva Carvalho
Decisão "consensual". Segundo o magistrado, a solução foi alinhada com a Polícia Federal e com o MPF (Ministério Público Federal). Isso porque o decreto de prisão preventiva de Saicali dizia que a "presunção de fuga poderia ser desconstituída com a apresentação espontânea da Investigada às autoridades competentes, demonstrando sua real intenção de retornar ao Brasil".
"Da forma proposta pela Autoridade Policial e pelo Ministério Público Federal, esse compromisso restará atendido com 'menor ônus pessoal' à Investigada, que sequer terá que se submeter à audiência de custódia", escreveu o juiz.
Saicali tinha voo programado para Portugal antes do mandado de prisão em seu desfavor, segundo defesa. Os advogados apresentaram à Justiça comprovantes de reserva de voos adquiridos em 14 de junho, com trajeto que saiu de São Paulo com destino à Lisboa em 15 de junho, e retorno programado para o dia 26 do mesmo mês.
Retorno foi adiado de 26 de junho para 5 de julho no dia seguinte à decretação de sua prisão preventiva. Conforme a Justiça Federal, a defesa de Anna não explicou o porquê da alteração na data do retorno dela ao Brasil.
O UOL tenta contato com a defesa de Saicali. O espaço segue aberto para manifestação.
Ex-CEO é solto em Madri
O ex-CEO das Americanas Miguel Gutierrez foi liberado pelas autoridades espanholas neste sábado (29). Ele havia sido detido pela Interpol em Madri, na sexta-feira (28), após operação da Polícia Federal no Brasil.
Defesa disse que o executivo "se encontra em sua residência em Madri". "No mesmo endereço comunicado desde 2023 às autoridades espanholas". E que vai se defender do que chama de "alegações originadas por delações mentirosas", diz a nota.
A defesa reitera ainda que Miguel jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios, manifestando uma vez mais sua absoluta confiança nas autoridades brasileiras e internacionais.
Nota da defesa
Entenda o caso
Ex-diretores, executivos e presidentes das Americanas foram alvo de uma operação da Polícia Federal nesta semana. Eles são investigados por fraudes nos balanços da varejista que somam R$ 25,3 bilhões.
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Quero receberAlvos de mandados de prisão preventiva, dois ex-diretores não foram encontrados no Rio. Gutierrez foi preso ontem pela Interpol em Madri, na Espanha.
Gutierrez é acusado de comandar esquema de fraudes contábeis de risco sacado. Essa prática consiste em uma operação na qual varejistas conseguem antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto aos bancos.
Anna está fastada da Americanas desde o início de 2023, depois da divulgação da fraude na varejista. Ela ocupava uma das posições na diretoria estatutária. Em comunicado divulgado pela nova gestão no ano passado, ela foi apontada como uma das principais participantes da fraude. Reportagem da Folha de S. Paulo mostrou que, menos de vinte dias antes do anúncio das "inconsistências contábeis", ela transferiu para seu filho cotas de uma empresa com patrimônio de R$ 13 milhões.
PF fez buscas contra outros 14 ex-dirigentes
A PF cumpriu ontem 14 mandados de busca e apreensão nas casas de ex-diretores. Os mandados foram determinados pela Justiça do Rio, que também mandou bloquear bens e valores dos alvos da força-tarefa que somam mais de R$ 500 milhões.
O MPF, que atua no caso junto à PF, diz que as investigações começaram em 2023. A apuração teve início após a Americanas divulgar um rombo de R$ 20 bilhões em um balanço devido a "inconsistências contábeis". A CVM (Comissão de Valores Imobiliários) também está nessa investigação.
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