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Levy diz que corte no Orçamento foi 'adequado', mas arrecadação preocupa

Sergio Lima/Folhapress
Imagem: Sergio Lima/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

25/05/2015 10h06Atualizada em 25/05/2015 12h19

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, expressou preocupação com a queda de arrecadação de impostos no país, em entrevista nesta segunda-feira (25). Dados divulgados pela Receita Federal na semana passada mostram que a arrecadação teve o pior resultado para abril desde 2010.

"Nos últimos anos a arrecadação sistematicamente não tem atendido às necessidades de governo", disse. "Precisamos ter uma situação um pouquinho mais equilibrada porque a gente está vendo esse ano que as receitas não têm sido muito significativas. E a gente tem que prestar atenção."

Em relação ao corte no Orçamento anunciado pelo governo, Levy disse que considera o "valor adequado", mas que essa é apenas uma parte das políticas que estão sendo postas em prática pelo governo.

"(O governo) cortou com muita cautela, com muito equilíbrio, na medida que se poderia fazer, inclusive sem por o menor risco em relação ao crescimento econômico", disse Levy.

Na última sexta, o governo divulgou um corte de R$ 69,9 bilhões nas despesas em 2015. O ministro da Fazenda não participou do anúncio, alegando problemas de saúde, o que gerou boatos de que esteja se desentendendo com o restante da equipe, porque queria um corte maior. 

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Novos impostos? 'Não é por aí'

Questionado sobre a possibilidade de o governo anunciar novos impostos para compensar a retração no volume de recursos recolhidos, Levy afirmou que é preciso "ir com calma" na frente tributária.

"Não adianta a gente meter novos impostos como se fosse isso que vai salvar a economia brasileira, não é por aí", afirmou o ministro nesta segunda-feira (25).

Crescimento em xeque

Levy afirmou também que não será uma surpresa se houver retração no PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre do ano, que deve ser divulgado nesta sexta-feira (29).

“Acho que o PIB vinha e deu um pequeno blipping [sinal de alerta] no quarto trimestre [do ano passado], que aliás pode ser revisto. No começo do ano, os agentes estavam em grande expectativa de retração. Então, não seria surpresa a gente ver uma situação desta”, disse.

"Como eu tenho dito, o PIB não está devagar por causa do ajuste. A gente está fazendo o ajuste porque o PIB vinha devagar", afirmou Levy.

Baixa arrecadação e possível alta de impostos

No acumulado dos quatro primeiros meses de 2015, o recolhimento de impostos e contribuições ficou em R$ 418,617 bilhões, com queda real (descontada a inflação) de 2,71% em relação a igual período do ano passado.

A arrecadação de tributos segue fraca por causa do baixo nível de atividade e da baixa lucratividade das empresas. Também pesa o que o governo deixa de arrecadar por causa de benefícios tributários anunciados nos últimos anos.

O fraco desempenho no ano dificulta o cumprimento da meta de economia para pagar juros da dívida (o chamado superavit primário). A meta é de R$ 66,3 bilhões em 2015, equivalente a 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB). 

Isso leva a equipe econômica a avaliar um novo aumento de tributos.

(Com agências de notícias)