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Grécia apresenta lista atualizada de reformas e nega que pagará FMI com atraso

Renee Maltezou e Costas Pitas

01/04/2015 17h44

ATENAS, 1 Abr (Reuters) - A Grécia enviou uma lista atualizada de reformas para seus credores internacionais na esperança de satisfazer as demandas por maiores detalhes e destravar uma ajuda financeira necessária para evitar um calote, disse uma autoridade do governo grego nesta quarta-feira (1º).

Em questão de semanas a Grécia ficará sem dinheiro, mas seus credores da zona do euro e o FMI (Fundo Monetário Internacional) congelaram a ajuda até que o país implemente reformas, com as discussões emperrando sobre quais medidas o governo de esquerda deve tomar.

"Enviamos um novo documento hoje para o Grupo de Bruxelas (de credores da UE/FMI), que é mais específico e quantificado", disse uma autoridade do Ministério de Finanças grego a jornalistas, ressaltando que as reformas trabalhista e previdenciária são os pontos mais complicados das negociações.

O jornal britânico "Financial Times" publicou que o documento de 26 páginas coloca as necessidades financeiras da Grécia em 19 bilhões de euros.

No documento, o governo grego se compromete a combater a fraude fiscal, aumentar a taxação de bens de luxo e reavaliar a venda de ativos caso a caso. Também foi proposta a reintrodução de um pagamento extra para os aposentados pobres e uma elevação gradual do salário mínimo, disse o jornal.

Atenas apresentou na semana passada uma lista de reformas num esforço para mostrar que está comprometida com as promessas de disciplina financeira e que merece ajuda, mas os credores disseram que a lista não passava em uma coleção de ideias.

Uma autoridade da zona do euro familiarizada com o conteúdo de uma teleconferência entre os vice-ministros de Finanças da zona euro disse que foram feitos progressos nas negociações recentes, mas novos avanços são necessários para um acordo.

Pagamento teste

Um pagamento ao FMI de cerca de 430 milhões de euros que vence em 9 de abril está se transformando no próximo teste financeiro para a Grécia, que já está recorrendo a medidas desesperadas como tomar empréstimos de entidades estatais para enfrentar a escassez de dinheiro.

Em entrevista ao jornal alemão "Der Spiegel", o ministro grego do Interior, Nikos Voutsis, disse que se os credores estrangeiros não enviarem mais recursos a Atenas até 9 de abril, o governo irá pagar primeiro salários e aposentadorias e então chegar a um acordo com credores para pagar o FMI com atraso.

O governo do primeiro-ministro, Alexis Tsipras, que foi eleito em janeiro com promessas de afrouxar os termos do resgate e cortar a dívida, negou que as declarações representem sua posição.

"Não há chance de a Grécia deixar de cumprir seus compromissos com o FMI no dia 9 de abril", disse à agência de notícias Reuters o porta-voz do governo, Gabriel Sakellaridis.

O ministro do Trabalho, Panos Skourletis, disse que uma visita planejada de Tsipras a Moscou na semana que vem "é para descobrir se nossa amizade histórica com a Rússia pode ser estendida a outros níveis", segundo o jornal alemão "Die Zeit".

"Gostaríamos de ficar no navio chamado Europa", disse Skourletis segundo o jornal. "Mas se o capitão nos jogar para fora, tempos que tentar nadar."

No entanto, Atenas somente revelará que papel a Rússia pode ter "se nada mais funcionar', acrescentou Skourletis.