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Sem verbas, só 16% de obras de infraestrutura do Centro-Oeste saem do papel

Do UOL, em São Paulo

29/10/2013 12h14

De 106 projetos prioritários para modernizar a infraestrutura da região Centro-Oeste e escoar a produção agrícola, apenas 19 (16,4%) estão em andamento.

As demais estão em fase de projeto ou apenas nos planos do governo. Para executar todas as obras, seria necessário investir na região R$ 36,4 bilhões até 2020.

Os dados são do Projeto Centro-Oeste Competitivo, que mapeia prioridades de infraestrutura no país e foi divulgado hoje (29).

Segundo estudos da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), nos quais o Projeto Centro-Oeste Competitivo se baseia, R$ 60,9 bilhões são gastos ao ano com o transporte de cargas da região Centro-Oeste.

O valor equivale a 8,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Distrito Federal e nos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O PIB representa a soma de todas as riquezas dos estados.

Segundo o projeto, R$ 7,2 bilhões poderiam ser economizados por ano caso fossem feitos investimentos prioritários.

Região necessita de estrutura de transporte ferroviário e fluvial

O levantamento da CNI e da CNA identificou a necessidade de 26 projetos no transporte ferroviário, com custos de R$ 17,5 bilhões, ou 48% do investimento total; 24 projetos na estrutura portuária, que exigiriam R$ 8,4 bilhões; e 34 obras essenciais para melhorar o transporte fluvial (por meio de rios), com investimentos de R$ 6,7 bilhões. O investimento em rodovias representaria 10% do total.

Os projetos serviriam para desafogar a infraestrutura do Centro-Oeste. De acordo com a CNI, as estradas da região operam acima de sua capacidade, ao mesmo tempo que as exportações se concentram demasiadamente nos portos do Sul e do Sudeste.

Segundo a presidente da CNA, a Senadora Kátia Abreu, o Centro-Oeste é responsável por quase metade dos grãos produzidos no Brasil, mas, apesar de 56% dessa produção estar mais próxima do litoral Norte ou Nordeste, apenas 14% é escoada pelos portos dessas regiões.

Só com investimentos em infraestrutura, diz a senadora, e aproveitando os rios, “será possível inverter essa lógica que sobrecarrega os portos do Sul e do Sudeste, baixar os custos do transporte e preservar o meio ambiente”.

Os investimentos em transporte fluvial, como a modernização das hidrovias dos rios Paraguai e Madeira, poderiam gerar uma economia anual de R$ 2,3 bilhões, estima a CNI.

Rede de trilhos é proporcionalmente menor que a mexicana e a chinesa

A rede de trens brasileira também exige investimentos, destaca a entidade. A malha ferroviária brasileira tem apenas 3,5 km de infraestrutura instalada para cada mil km² de área. No México e na China, a malha chega à proporção de 9 km e, nos EUA, chega a 22,9. Para a CNI, essa falta torna o produto brasileiro menos competitivo no mercado internacional.

Além disso, os trens brasileiros sofrem com a falta de vias adequadas nos cruzamentos em cidades, rodovias e pontes, o que diminui sua velocidade média.

Segundo o presidente da CNI, Robson Andrade, o investimento na integração de estradas, ferrovias e hidrovias exige planejamento cuidadoso e longos períodos para aprovação dos projetos pelo governo e para construção. "Por isso, os projetos precisam ser bem estruturados com antecedência de 20 a 30 anos", afirmou Robson.

O projeto divulgado hoje é a quarta publicação da série Estudos Regionais de Competitividade, patrocinados pela CNI e federações estaduais da indústria. Nos quatro estudos foram identificadas 205 obras prioritárias, que envolvem investimentos de R$ 55 bilhões nos próximos sete anos.

(Com Ag. Brasil)