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Maridos impedem que as mulheres tenham uma carreira, não os filhos

Getty Images
Imagem: Getty Images

19/01/2016 06h00

Este artigo é SOBRE mulheres, não somente PARA mulheres. É destinado também aos homens que têm uma parceira ao seu lado. Pode ser que algumas coisas mencionadas aqui não se apliquem à sua vida cotidiana, mas podem estar presentes na vida de muitas mulheres em diferentes fases e gerações.

No best-seller “Faça Acontecer – Mulheres, Trabalho e a Vontade de Liderar” de Sheryl Sandberg, a autora afirma que uma das decisões mais importantes para a trajetória profissional de uma mulher é escolher um bom cônjuge.

É fato que a ascensão das mulheres em altos cargos de liderança é rara (por enquanto) e crescer na carreira será impossível se essa mulher não tiver apoio de seu marido, segundo Sandberg. Não há exceções.

À medida que sobe seu nível hierárquico na empresa, maior será a responsabilidade e exigência nos resultados. Isso requer dedicação e foco no trabalho. Homens e mulheres costumam entrar nas empresas na mesma proporção, mas, enquanto eles vão subindo no organograma, elas ficam pelo caminho.

Isso acontece no momento em que a carreira de um dos dois tem de ganhar prioridade. Na maioria das vezes, são as mulheres que abrem mão da vida profissional.

Mulheres na liderança

Esse fato foi demonstrado num estudo da universidade de Harvard sobre “Vida e Liderança”, que analisou as aspirações de homens e mulheres treinados para assumir posições de liderança.

Ele mostrou que 75% dos homens esperam que suas mulheres assumam em maior medida o cuidado com os filhos e 50% das mulheres acreditam que esse será seu destino. Além disso, o dado que mais me chamou atenção foi o de que 70% deles consideram que suas carreiras têm prioridade sobre a de suas parceiras. Quase 40% delas pensam o mesmo.

Se for para procurar um culpado, é a própria sociedade. As mulheres se sentem pressionadas, não só por seus cônjuges, mas também pelas instituições e empresas. Pressupõe-se que elas se encarregarão mais dos filhos, das obrigações do lar e abrirão mão de suas carreiras no momento em que o casal decide qual dos dois deverá dar suporte à família.

Esse estudo foi realizado no mercado americano, desconheço pesquisa similar feita no Brasil, mas, sem hipocrisia, alguém duvida que a cultura americana exerce muita influência aqui neste país? Às vezes penso que somos os EUA de ontem.

Talvez exista um estigma quando os homens ficam em casa. Infelizmente, ainda há resistências sociais difíceis de derrubar, seja nos EUA ou no Brasil.

Voltando para as corporações, é fato que existe um tabu.

Pelas empresas que atendo em todo o país, a alta direção se diz aberta e apoiadora das mulheres na liderança, mas elas ocupam menos de 20% dos cargos de responsabilidade nas 500 empresas mais importantes do mundo.

Não é por acaso que igualdade de gênero e empoderamento das mulheres será um dos assuntos mais importantes a serem tratados pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2016.

Mulher não precisa largar carreira

Não existe motivo para que as mulheres abram mão de suas carreiras em detrimento da família. Recomendo uma conversa franca e esclarecedora com seu marido ou parceiro para decidir qual carreira dará mais suporte à família em longo prazo.

Os casais jovens que estiverem pensando em criar um projeto de vida comum devem ter uma conversa sobre quais são suas pretensões profissionais e pessoais. É muito importante escolher estar ao lado de uma pessoa que respeite seus desejos.

A boa nova é que há muitas mulheres que fizeram isso dar certo.

Com absoluta certeza, as mulheres podem conciliar o sucesso profissional com a convivência familiar. Muitas delas trabalham fora, são bem-sucedidas e conseguem ter tempo de qualidade com os filhos. Qual é o segredo? Parceria com o cônjuge e terceirização das tarefas (mas isso é assunto para o próximo artigo).

Não será fácil, o desafio é conseguir que tanto as empresas como os maridos nos deem a oportunidade de escolher.

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