Bolsa fecha em queda sem anúncio de cortes; dólar tem alta com conflito

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em baixa nesta quinta-feira (21), depois do dólar ter terminado o dia em forte alta. O anúncio dos cortes de gatos continua sem data e isso derrubou o índice da Bolsa, com a possibilidade da publicação acontecer apenas na semana que vem.

No câmbio, a aversão ao risco dominou o cenário diante da escalada da guerra entre Rússia e Ucrânia, o que desvalorizou o real. Procurando evitar aplicações que podem ter quedas drásticas, os investidores correram para a moeda americana.

O que aconteceu

A Bolsa de Valores de São Paulo teve baixa de 0,99%. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, desvalorizou para 126.922 pontos.

O dólar comercial fechou com avanço de 0,75%, vendido a R$ 5,811. O turismo terminou o dia em alta de 0,60%, para R$ 6,038.

Internacionalmente, os ataques entre Rússia e Ucrânia acontecem agora com mais gravidade e elevaram o dólar no mundo todo. Pela primeira vez desde a eclosão da guerra na Ucrânia, a Rússia lançou um míssil balístico intercontinental contra Kiev. A informação foi divulgada pelo governo de Volodimir Zelensky, indicando que o míssil teria partido da região de Astrakhan, no sul da Rússia, nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira.

Essas tensões fizeram os investidores preferirem aplicações seguras e fáceis de sair, como o dólar. Por isso, a moeda americana se valorizou tanto nesta quinta. Os juros do Tesouro americano (Treasures) também subiram, o que faz o dinheiro sair de mercados emergentes como o Brasil para migrar para a aplicação, a mais segura do mundo.

Outra divisa que ganhou força e ajudou na desvalorização do real foi o iene japonês. Em relação à moeda americana, o iene teve alta de 0,48%. Isso é ruim porque muitos investidores que emprestam dinheiro a taxas baixas no Japão e investem na Selic aqui — para ganhar com a diferença — desmontam essa aplicação, já que o dinheiro fica mais caro no país oriental. Isso retira dólares do Brasil e o real deprecia.

Por esses motivos, a elevação de hoje foi majoritariamente causada pelo estresse internacional, segundo Paulo Gala, economista chefe do banco Master. "Para não dizer que são dois terços de causas internacionais, eu apostaria em mais da metade da alta inflada por fatores exteriores", diz Gala. O restante, segundo ele, é a pressão cambial causada pela questão fiscal nacional.

Como está o pacote?

Neste momento, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad continuam em reunião, iniciada por volta de 16h, no Palácio do Planalto. Mas o anúncio das medidas para conter as despesas e cumprir o arcabouço, pode ficar para semana que vem, conforme se comenta no mercado.

Continua após a publicidade

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse na segunda-feira (18) que há expectativa de que a redação do pacote seja finalizada nesta semana, mas a data de anúncio será definida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o texto ser apresentado a ele. "Quanto mais se postergar o anúncio, maior a pressão sobre os ativos domésticos, inclusive reduzindo a liquidez (a facilidade de vender), o que é natural para momentos de incerteza", diz Alexsandro Nishimura, economista da Nomos.

Por conta dessas preocupações fiscais, o Ibovespa não conseguiu avançar, mesmo com bons resultados corporativos do terceiro trimestre apresentados recentemente. "A temporada foi boa, houve crescimento no lucro de muitas empresas, alguns vieram dentro do consenso. Mas o mercado não sabe se o pacote sairá, quando sairá. Isso tem segurado os preços no mercado", diz Felipe Moura, analista da Finacap.

Petrobras

Até a alta das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) não foi suficiente para reverter a queda do índice. Os ativos foram impulsionados pelo aumento de quase 2% do petróleo. Também pesou o plano de investimentos que será publicado após o fechamento do mercado. PETR3 subiu 0,27%, a R$ 41,13, enquanto PETR4 tinha avanço de 0,37%, para R$ 37,94 (conforme dados preliminares).

A companhia divulgou na segunda-feira (18) que proposta é de investimentos de US$ 111 bilhões entre 2025 e 2029, total 9% maior na comparação com o programa anterior. "O mercado aguarda essa reunião porque podem ser divulgadas informações sobre dividendos", disse Bruno Benassi, analista de ativos da Monte Bravo.

GOL dispara 20%

Os papéis da Gol (GOLL4) dispararam 20% hoje — a oscilação máxima permitida na Bolsa. O mercado espera que a possível compra da Gol pela Azul (AZUL4) seja anunciada nesta sexta-feira (22) e por isso as ações dispararam. Os ativos terminaram o dia em alta de 12,59%, chegando a R$ 1,52 (conforme dados preliminares). A companhia aérea enfrenta processo de recuperação judicial nos Estados Unidos e suas ações acumulam queda de 80% em 2024. "O mercado também espera que a recuperação judicial esteja próxima de terminar", diz Vírgilio Lage, especialista da Valor Investimentos.

Continua após a publicidade

Com Reuters e Agência Estado

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.