Líderes criticam taxas de Trump, ameaçam reagir e buscam novos parceiros
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Líderes de diversos países se manifestaram a respeito das tarifas anunciadas por Donald Trump e estão se mobilizando para negociar com Washington, impor retaliações aos Estados Unidos e buscar novos parceiros comerciais. Veja como os líderes de algumas regiões reagiram.
Europa
União Europeia está preparada para responder com retaliações, diz presidente da Comissão Europeia. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, descreveu as tarifas como um grande golpe para a economia global e disse que a União Europeia está preparada para responder com medidas retaliatórias caso as negociações com Washington fracassem.
UE prepara pacote de tarifas como resposta às tarifas do aço. Von der Leyen disse que a UE está finalizando um primeiro pacote de tarifas sobre até 26 bilhões de euros de produtos norte-americanos para meados de abril, em resposta às tarifas de aço e alumínio dos EUA que entraram em vigor em 12 de março.
A taxa anunciada por Trump para a UE foi de 20%. "Agora estamos nos preparando para outras contramedidas para proteger nossos interesses e nossos negócios se as negociações fracassarem", disse Von der Leyen. Von der Leyen não forneceu detalhes sobre as futuras medidas do bloco europeu.
Macron, da França, pediu que empresas europeias suspendam investimentos nos EUA. "O que é importante é que os investimentos futuros ou os investimentos anunciados nas últimas semanas sejam suspensos até que as coisas sejam esclarecidas com os Estados Unidos", disse Emmanuel Macron, presidente da França. Ele disse ainda que a resposta às tarifas recíprocas será "mais massiva" do que sua retaliação anterior às tarifas de aço e alumínio dos EUA
O governo da Espanha anunciou um pacote de ajuda de 14,1 bilhões de euros para minimizar os impactos das tarifas de Trump. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, fez o anúncio durante uma entrevista à imprensa. Os recursos também serão destinados à modernização do setor industrial e à promoção de produtos espanhóis.
As tarifas anunciadas pelo presidente Trump não são recíprocas. Ninguém sairá beneficiado disso. Por isso, pedimos mais uma vez que ele reconsidere. Nossa mão está estendida. Mas não ficaremos de braços cruzados. A UE reagirá com proporcionalidade, unidade e firmeza.
Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol
Ásia
China pediu cancelamento imediato das tarifas. A China pediu que os Estados Unidos cancelem imediatamente suas tarifas mais recentes e prometeu salvaguardar seus próprios interesses, ameaçando levar as maiores economias do mundo a uma guerra comercial que provavelmente afetará as cadeias de suprimentos globais.
Com a tarifa anunciada ontem, a taxação para produtos chineses chega a 54%. Trump anunciou que a China será atingida com uma tarifa de 34%, além dos 20% que ele impôs no início deste ano, elevando o total das novas taxas para 54% e próximo do valor de 60% que ele havia ameaçado durante a campanha.
Taiwan iniciará negociações formais com Washington sobre tarifas. As tarifas são "altamente irracionais" e não refletem a relação comercial entre as duas economias, disse a porta-voz do gabinete de Taiwan, Lee Hui-chih, em comunicado.
A tarifa para produtos de Taiwan é de 32%. A taxa no entanto não se aplica a semicondutores, que constituem uma parcela significativa das exportações de Taiwan. A ilha é sede do maior fabricante de chips por contrato do mundo, a TSMC, que tem as gigantes tecnológicas americanas Nvidia e Apple como seus principais clientes e responde pela maior parte da capacidade global de fabricação de semicondutores avançados.
"Esse não é o ato de um amigo", disse o primeiro-ministro da Austrália. "As tarifas do governo (Trump) não têm base lógica e vão contra a base da parceria de nossas duas nações", disse Anthony Albanese. A Austrália é frequentemente descrita como o "xerife adjunto" dos Estados Unidos na Ásia.
Líderes de Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul também criticaram a medida de Trump. "Precisamos decidir o que é melhor para o Japão e o que é mais eficaz, de forma cuidadosa, mas ousada e rápida", disse o ministro do Comércio, Yoji Muto, quando perguntado se o Japão iria retaliar.
O Japão foi atingido com uma taxa de 24%. A tarifa da Coreia do Sul ficou em 25%, a de Taiwan, 32%, e a da União Europeia, 20%. Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia, Arábia Saudita e a maior parte da América do Sul foram atingidos com o mínimo de 10%.
Canadá e México
As novas tarifas de Trump não serão aplicadas a Canadá e México, por ora. A decisão anterior, que criou tarifas de até 25% sobre muitos produtos dos dois países, permanece em vigor.
O Canadá anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre os veículos importados dos Estados Unidos. A taxa valerá para veículos que não estejam no acordo USMCA. A medida é uma resposta direta às tarifas sobre o setor impostas pelo governo de Donald Trump. O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney classificou as tarifas de Trump como "ilegais" e contrárias a qualquer pacto comercial entre os dois países.
Carney afirmou que o Canadá está reforçando laços com outros parceiros comerciais. Ele revelou ter conversado com líderes como a presidente do México, Claudia Sheinbaum, o chanceler alemão, Olaf Scholz, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o presidente francês, Emmanuel Macron.
A aproximação com a Europa surge como uma alternativa à dependência do mercado norte-americano. Carney não demonstrou otimismo quanto a uma reversão das tarifas norte-americanas no curto prazo. "Particularmente, não acho que Trump recuará sobre tarifas. O caminho será longo", declarou.
Os Estados Unidos são nossos aliados, sem dúvidas. Mas parte de nossa relação acabou. A confiança mútua é a parte da nossa relação que chegou ao fim. Temos que responder e estamos respondendo às medidas dos EUA.
Mark Carney, primeiro-ministro do Canadá
México buscará diversificar suas relações comerciais, disse a presidente mexicana Claudia Sheinbaum. "O México vai assinar e vai manter um acordo de trocas comerciais com a União Europeia", declarou Sheinbaum hoje, sem dar mais detalhes. Ainda segundo a líder mexicana, o país segue em negociações com os Estados Unidos em relação às tarifas sobre a indústria automotiva, aço e alumínio.
No Brasil, Lula disse que país tomará "todas as medidas cabíveis. "Defendemos o multilateralismo e o livre comércio e responderemos a qualquer tentativa de impor um protecionismo que não cabe mais hoje no mundo", afirmou Lula. "Diante da decisão dos EUA de impor uma sobretaxa aos produtos brasileiros, tomaremos todas as medidas cabíveis para defender nossas empresas e nossos trabalhadores brasileiros."
*Com informações de Reuters e Estadão Conteúdo.
9 comentários
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Petrucio Joao da Silva
Trump é um golpe duro rumo a derrocada dos EUA, lembrem que Trump e Bozo promoveram o maior genocídio global na pandemia, exatamente os dois, Bozo perdeu a eleição, mas Trump voltou e olha o que está acontecendo com os americanos, a volta de desgraças, o desenho futuro é de uma recessão severa e olha, já tinha previsão DE ANTES dessas tarifas de ontem que o PIB americano cairia 3,7% ,isso mesmo, uma previsão do federal reserve, já havia previsão de recessão com apenas 90 dias de Trump, mostrando e provando que a desgraça acompanha essa turma.
Ruy Reis Vasconcellos Filho
O irônico desta estória, é que pessoas que mais apoiaram Trump dando fundos para a campanha eleitoral dele, serão os maiores prejudicados. São em sua maioria, jovens empreendedores. O tempo dirá como serão os resultados.
Marcelo Mussio
Para TAIWAN parece fácil a solução ... é só cancelar o envio de semicondutores para os EUA .... Quero ver quanto tempo dura a taxa de 34% .... aliás, se todos os países fizessem algo similar, não vender para os EUA, arrumem outros compradores .... simples assim ... Quero ver como os EUA vão se virar ... .