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Carla Araújo

Centro de crise do governo avalia que greve dos caminhoneiros não prosperou

DO UOL, em Brasília

01/02/2021 13h14Atualizada em 01/02/2021 16h03

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Desde a noite de domingo (31) uma equipe de plantão de diversos órgãos de segurança do governo acompanha a situação das rodovias federais, já que havia a promessa por parte de caminhoneiros de uma paralisação em todo o país nesta segunda-feira (1º).

Já no fim da manhã desta segunda, a avaliação feita no Centro Integrado de Comando e Controle Nacional, na sede da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Brasília, era de que a greve não havia prosperado.

Além da PRF, há no grupo que está acompanhando as rodovias do país membros do Ministério da Justiça, da Casa Civil, do Gabinete de Segurança Institucional e do Ministério da Infraestrutura.

Membros do governo ouvidos pela coluna disseram que a situação está desde o início da manhã sob controle. Alguns pontos isolados de manifestação, de acordo com um ministro, não possuem ligação com categorias organizadas de caminhoneiros.

Desde cedo, o ministério da Infraestrutura e a PRF têm publicado notas com atualizações da situação das rodovias.

Por volta das 11 horas, havia a informação de um bloqueio parcial, com pneus na rodovia, na BR-304/RN, na altura de Mossoró. Menos de uma hora depois, porém, uma nova nota informou que a polícia já havia liberado completamente a pista.

"Todas as outras rodovias federais, concedidas ou sob gestão do DNIT, encontram-se com o livre fluxo de veículos, não havendo nenhum ponto de retenção total ou parcial", completou a nota, divulgada ao meio-dia.

A PRF não informa o número de agentes envolvidos na operação de hoje, por "segurança orgânica", mas afirma que há policiais atuando e em prontidão em todo o país para eventuais necessidades de novos desbloqueios.

Atos políticos

Há entre grupo de WhastApp dos caminhoneiros, inclusive, acusações contra manifestantes que seriam do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem terra) e estariam se aproveitando da pauta de reivindicações para tornar o movimento político.

Esse foi um dos argumentos usados pelo presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, ao decidir não aderir à greve de 2021. Ele foi uma das figuras de maior notoriedade durante a greve da categoria em 2018.

"A Abrava não participará da paralisação do dia 01º de fevereiro por entender que estão tentando utilizar a categoria dos caminhoneiros como massa de manobra e perdendo o objetivo de luta de direitos da categorias", afirmou em nota, na semana passada.

General "fora de timing"

Há pouco, uma mensagem divulgada pelo ministro do GSI, general Augusto Heleno, causou certo desconforto entre membros do governo. No Twitter, Heleno afirmou que o "Governo Federal respeita as aspirações dos caminhoneiros" e que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) estão buscando "junto à área econômica recursos legais para reduzir despesas que recaem sobre esses abnegados trabalhadores, essenciais ao dia a dia do país".

A mensagem foi apontada como "desnecessária" e "fora de timing" por auxiliares do governo, já que o movimento até o momento é de baixa adesão e Heleno, apesar de chefe do GSI, não está diretamente no centro do comando das ações do governo.

A avaliação é de que o governo tem que monitorar e dialogar para evitar que o movimento ganhe força e não dar munição aos caminhoneiros. Além disso, auxiliares reforçam que a agenda estruturante que vem sendo discutida com a categoria desde 2018 não deve ser acelerada pela ameaça de greve.

Auxiliares do ministro Heleno, no entanto, rebatem as críticas e dizem que a ideia de fazer a publicação foi apenas de um aceno para deixar claro que o governo respeita e se preocupa com a categoria.

Na semana passada, ao apelar para que os caminhoneiros não fizessem greve, o presidente Jair Bolsonaro foi até o ministro Paulo Guedes (Economia) para tentar uma compensação pela alta do Diesel.

Segundo fontes ouvidas pela coluna, no entanto, o governo ainda estuda formas de atender ao pleito dos caminhoneiros e o pedido do presidente, mas ainda não há nenhuma decisão tomada.