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Para governo, pecuária não desmata e decisão de europeus é protecionista
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A notícia de que seis redes de supermercados europeias devem deixar de vender partes de derivados de carne bovina brasileira por suposta relação com o desmatamento foi vista por integrantes do governo como uma medida de protecionismo econômico.
A avaliação feita por membros do governo é de que a Europa tem aos poucos ampliado suas restrições com um aparente viés ambiental, mas que há algumas incoerências nessas decisões.
Citam, por exemplo, o anúncio feito no último dia 17 de novembro pelo poder Executivo da UE (União Europeia) de uma proposta para impedir a importação de matérias-primas provenientes de áreas de desmatamento. A lista de produtos sujeitos a controles por parte da autoridade europeia inclui madeira, soja, carne bovina, café, cacau e óleo de palma, além de derivados, como chocolates, móveis e itens de couro.
"Café? Cacau? Cacau vem de extrativismo florestal. Parece mais protecionismo", disse um integrante do governo.
Além disso, o argumento usado por pessoas ligadas ao governo é de que não seria rentável desmatar para criar gado. Que o investimento necessário para desmatar no meio da floresta, sem infraestrutura, é muito alto e seria compensado justamente com madeira.
A decisão anunciada pelas redes de supermercados europeus se baseia em uma investigação da Repórter Brasil, realizada em parceria com a organização Mighty Earth, que aponta relações entre a carne vendida por grandes varejistas nos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia com o desmatamento de florestas nativas no Brasil.
A reportagem mostra como através dos chamados "fornecedores indiretos", mesmo as carnes vendidas por abatedouros distantes das principais fronteiras agrícolas podem estar conectadas a crimes socioambientais não só na Amazônia, mas também no Pantanal e no Cerrado brasileiros.
Apesar disso, membros do governo repetem o argumento da JBS (empresa citada na reportagem) e dizem que o levantamento da Repórter Brasil mencionou somente cinco dos 77 mil de seus fornecedores diretos e que estes fornecedores se adequavam às suas políticas na ocasião da compra.
"Parece protecionismo mesmo", diz a fonte.
Procurado pela coluna para comentar o tema, o Ministério da Agricultura ainda não se manifestou.
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