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Ala política diz que Guedes vê 'preto ou branco' e pede '50 tons de cinza'
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O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), afirmou recentemente em uma entrevista que seu relacionamento com Paulo Guedes é "perfeito", mas admitiu que o papel do ministro da Economia é dizer 'não o tempo inteiro'.
Nogueira, que é um dos líderes do centrão, tem ganhado cada vez mais espaço nas decisões do presidente Jair Bolsonaro com um foco principal: a reeleição.
Na avaliação de fontes do Planalto, Guedes tem criado resistências demais às propostas do governo e precisa ser mais flexível. Segundo um auxiliar da Casa Civil, "o ministro acha que é tudo preto ou branco, mas a política precisa e permite 50 tons de cinza".
Na última semana, a ala política deu um drible em Guedes. Ao lado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Ciro Nogueira encampou a ideia de tentar baixar o preço dos combustíveis por meio de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que permitirá corte de impostos sem a necessidade de compensação, o que não tem apoio da equipe econômica.
"PEC Kamicaze" e "fim dos tempos" foram duas expressões usadas por membros da equipe de Guedes para classificar a iniciativa.
Mesmo assim, a orientação do governo é trabalhar para que o texto apresentado pelo deputado Christino Áureo (PP-RJ) seja no mínimo discutido e vai mobilizar sua base para tentar aprová-lo ao menos na Câmara.
Apesar das digitais da Casa Civil na proposta, a ideia da ala política é deixar o protagonismo com o Parlamento, já que o Congresso tem autonomia para seguir com as propostas com ou sem o aval de Guedes.
Fontes do Planalto dizem que o ministro da Economia tem o dever de continuar defendendo a preservação da agenda liberal e da responsabilidade fiscal, mas que precisa entender que em ano eleitoral o governo não pode parecer inerte em relação a temas tão sensíveis, como a alta dos preços dos combustíveis.
Afagos públicos
Na mesma entrevista de ontem à TV Bandeirantes, Ciro Nogueira elogiou Guedes. "Graças a Deus nós tivemos um ministro como o Paulo Guedes. Seria muito pior se nós não tivéssemos a responsabilidade econômica [dele] e eu tenho muita confiança no ministro", disse.
O afago público também faz parte da estratégia. Isso porque, auxiliares do presidente reconhecem que a figura de Guedes ainda tem sua relevância e também admitem que há dificuldades em uma substituição do titular da economia sem que haja desgaste para o governo.
A ideia é manter Guedes por perto, controlar as falas do ministro que podem prejudicar a articulação das propostas no Congresso e dar ao presidente Bolsonaro ao menos o discurso de que o governo está atuando para buscar soluções para os problemas econômicos do país.
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