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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Bolsonaro vai tirar ministério do centrão e secretário cuidará de emendas

e Juliana Dal Piva, do UOL

08/03/2022 11h55

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Na reforma ministerial que será obrigado a fazer até o dia 2 de abril por conta dos auxiliares que deixarão os cargos para concorrer nas eleições de outubro, o presidente Jair Bolsonaro deve 'recuperar' ao menos uma das cadeiras que teve que entregar para o chamado 'centrão'.

Segundo apurou a coluna, para o lugar da ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (PL), o presidente escolheu seu atual chefe de gabinete: Célio Faria Junior. A informação foi divulgada inicialmente no novo videocast do UOL, O Radar das Eleições.

Se a escolha for concretizada, Célio comandará a partir de abril a pasta que cuida da articulação com o Congresso e que é responsável pelas cobiçadas emendas parlamentares.

Flávia Arruda chegou ao governo em março do ano passado, quando Bolsonaro se viu obrigado a dar mais espaço ao centrão no governo. No início deste ano, alguns parlamentares chegaram a reclamar para o presidente da atuação da ministra na liberação de pagamento das emendas.

Flávia chegou a cogitar deixar o cargo, mas, na ocasião, acertou com o presidente que seria melhor aguardar a saída por conta das eleições, já que ela irá concorrer ao governo do Distrito Federal.

A maior parte dos ministros que vai deixar o cargo tem acertado com o presidente para que os secretários-executivos fiquem no comando das pastas. No caso da Secretaria de Governo, no entanto, Bolsonaro decidiu não acertar com Flávia Arruda sobre o seu sucessor e indicou que retomará o ministério palaciano com uma indicação de caráter pessoal.

A promoção de Faria Júnior para ministro foi ideia do próprio presidente e agradou diferentes alas do governo que avaliam que Bolsonaro precisa de um novo chefe de gabinete mais acessível. Há muitas reclamações tanto na ala militar como entre os ministros do centrão sobre a gestão do gabinete pessoal de Bolsonaro.

Célio Faria Júnior chegou ao núcleo mais próximo de Jair Bolsonaro por intermédio de dois homens de confiança do presidente. Um deles é o ministro do TCU Jorge Oliveira e o outro é Pedro Cesar Sousa, ex-assessor de Bolsonaro na Câmara dos Deputados e ex-chefe de gabinete do presidente até o fim de 2020. Sousa agora é o subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência, primeiro cargo ocupado por Jorge Oliveira no governo.

Crescimento patrimonial

Faria Júnior é economista, especialista em gestão pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e servidor público vindo da Marinha. Ele participou da transição no fim de 2018 e chegou ao Palácio do Planalto, em 2019. O primeiro cargo dele foi como chefe dos assessores especiais de Jair Bolsonaro. No fim do ano passado, foi promovido a chefe do gabinete pessoal do presidente. O salário, para este cargo, é de R$ 22.500 brutos.

Desde 2019, Faria Júnior, e sua mulher, a economista Vanessa Lima, tiveram crescimento patrimonial e financeiro. Além de cargos na Presidência, o casal também conseguiu obter três postos como conselheiros em empresas públicas, o que permite receber valores acima do teto do funcionalismo, hoje fixado em R$ 39 mil mensais.

A renda mensal dos dois era de cerca de R$ 40 mil mensais até o início do governo Bolsonaro. Hoje chega a R$ 76 mil por mês brutos, mais que a inflação no período. Em março de 2021, o casal adquiriu um terreno no Lago Sul em Brasília no valor de R$ 2,15 milhões.

Cargos na Presidência

Pouco depois que Faria Júnior foi trabalhar na Presidência da República, em 2019, sua mulher, a economista Vanessa Lima, também passou a dar expediente no Planalto. Ela foi transferida do Ministério de Desenvolvimento Regional, onde trabalhava, para a Secretaria Geral da Presidência da República. Na ocasião, Jorge Oliveira, atual ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), era o titular da pasta.

Vanessa Lima também é servidora pública de carreira desde 2006, mas não tinha sido lotada nos ministérios mais próximos à Presidência até aquele momento. Hoje, ela é secretária-executiva da Secretaria Geral da Presidência, a número 2 da pasta, cujo ministro é Luiz Eduardo Ramos. O salário de Vanessa Lima é de R$ 20.900 neste cargo.

Jetons

Além dos cargos no Planalto, o casal conseguiu obter, pelo menos, três postos em conselhos de empresas públicas. Desde maio de 2019, Faria Júnior integra o conselho de Itaipu, pelo qual recebe R$ 34 mil brutos todo mês.

Já Vanessa Lima possui assento no Conselho Fiscal da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). Lá, recebe R$ 3.580 mensalmente. Ela se tornou conselheira em julho de 2019, mesma época em que ele foi para a Secretaria-Geral da Presidência.

Em outubro do ano passado, ela entrou ainda para o Conselho Fiscal da Emgea (Empresa Gestora de Ativos). Lá, recebe mais R$ 4.400 por mês. Ao todo, ganha mais R$ 8 mil todos os meses, além do salário no Planalto.