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Correios têm lucro de R$ 3,7 bi; presidente da estatal defende privatização
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Pelo terceiro ano consecutivo com balanço positivo, os Correios registraram um lucro de R$ 3,7 bilhões no ano passado, valor duas vezes maior do que o obtido no ano anterior, o que, segundo a estatal, representa o melhor resultado em 22 anos.
De acordo com o presidente da estatal, general Floriano Peixoto, a curva ascendente dos últimos anos demonstra o êxito do projeto de recuperação financeira da estatal. Apesar do balanço positivo, o general afirma que o projeto de privatização da empresa é fundamental para sua sobrevivência.
"Somado às medidas adotadas para fortalecer a empresa, ao texto do projeto de lei que trata da regulação e universalização e aos estudos profundos conduzidos pelo BNDES, esse resultado financeiro compõe um conjunto de ações imprescindíveis para o sucesso da privatização do setor postal, garantindo, ainda, a constante evolução dos serviços disponíveis ao mercado de logística", afirmou à coluna.
Segundo Floriano Peixoto, "infelizmente e por diversas razões a estatal não tem condições de competir em nível de equivalência com o setor privado. Afinal, o objetivo de todo o processo é favorecer o cidadão, verdadeira razão da existência da empresa e maior beneficiário de sua evolução", disse.
Corte de despesas e demissões
O general assumiu os Correios em junho de 2019. Segundo ele, à época a situação da estatal era "caótica", com risco de dependência do Tesouro Nacional, o que poderia causar um passivo de R$ 18 bilhões à Administração Pública Federal.
Para melhorar o resultado da empresa, a atual gestão afirma que realizou diversas ações como "investimentos nos processos logísticos, revisão das linhas de negócios, racionalização de custos, renovação dos canais de atendimento e o restabelecimento da previsibilidade financeira".
Uma das frentes que marca a gestão do general é o corte de despesas, que incluiu dois Plano de Demissão Incentivadas, com uma economia de R$ 2,1 bilhões na folha de pagamento.
Além disso, a estatal travou na Justiça do trabalho algumas batalhas na adaptação do Acordo Coletivo de Trabalho, reduzindo benefícios, por exemplo, o que gerou uma economia de R$ 1,3 bilhão ao ano, o que representava cerca de 12% de toda a despesa da estatal.
A empresa também obteve uma economia da ordem de R$ 1,4 bilhão por conta de ajustes em licitações e contratos administrativos.
No chamado Feirão de Imóveis, 83 unidades foram colocadas à venda, com valor estimado de arrecadação de R$ 680 milhões. Desses, 52 unidades já foram vendidas, com valor de R$ 38,7 milhões, até o momento.
Fluxo de encomendas
A empresa afirma ainda que registrou recordes no fluxo de encomendas no ano passado. Na última Black Friday, 18,9 milhões de encomendas foram recebidas, sendo 3,4 milhões somente em 1 dia.
Durante as maiores datas promocionais do comércio eletrônico brasileiro e internacional (Black Friday e Singles Day), o crescimento de volumes de encomendas foi superior a 40%, quando comparado aos mesmos períodos de 2020.
"Os números confirmam o papel estratégico da estatal para o segmento logístico e reforçam a importância de a sociedade dispor de uma empresa financeiramente viável e robusta para absorver, com qualidade, a alta demanda", diz a empresa.
Capacitação
Para contrapor as demissões e os cortes de benefícios, a empresa salienta que ampliou a capacitação por meio da universidade corporativa, principalmente com cursos à distância, por conta da pandemia.
"Somente em 2020, 80.280 empregados foram capacitados, sendo mais de 72 mil carteiros e atendentes, mais de 4 mil analistas e 3 mil técnicos de Correios. Em 2021, o ciclo de capacitação continuou, com a participação de mais de 64 mil nos cursos a distância, que puderam desenvolver competências e aperfeiçoar conhecimentos, impactando positivamente os resultados da empresa", diz a estatal, em nota.
Funcionários criticam gestão
O vice-presidente da ADCAP (Associação dos Profissionais dos Correios), Marcos César Alves, afirma que o lucro dos Correios no ano passado demonstra a vitalidade da organização e critica a ideia de privatizar a estatal.
"Mesmo engessada e emudecida por uma direção incumbida de "segurar" a empresa enquanto o governo federal tenta seguir com o processo de privatização, a organização foi capaz de desempenhar sua missão constitucional e ainda alcançar um lucro de mais de R$ 2 bilhões", diz, em nota.
Segundo ele, o desempenho da empresa poderia ser ainda melhor "com uma gestão técnica, que pudesse trabalhar sem que o acionista tentasse, a todo momento, macular a imagem da organização, como tem feito o governo federal".
"Os brasileiros possuem um correio sólido e saudável. Isso precisa ser protegido e valorizado, para que os cidadãos continuem bem assistidos em termos de serviço postal", disse.
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