Ganhar muito, bater metas, ter vários diplomas: veja 7 mitos de carreiras
Dinheiro é sucesso, diploma significa prestígio e, para a carreira, é importante ter uma grande rede de contatos. Pensamentos comuns em ambientes profissionais, mas considerados mitos por alguns especialistas em carreiras.
Essa é a visão de Lucas Scudeler Gomes, coach da Pandora, empresa de desenvolvimento profissional. "São verdades dentro de um determinado contexto, mas que, quando colocadas como absolutas, geram distorções".
Gomes selecionou sete desses pensamentos. O UOL também consultou o coach Maurício Sampaio; o consultor executivo Amauri Nóbrega; o diretor da Wyser, empresa de recrutamento e seleção de executivos, Fábio Nogueira; e a vice-presidente executiva da Thomas Case & Associados, consultoria de gestão de carreira, Silvana Case, para opinarem sobre o assunto.
1. Dinheiro é sinônimo de sucesso
Ninguém nega a importância do dinheiro para a vida, mas ele não pode ser o único parâmetro para o sucesso. Conseguir um excelente salário em um emprego que consome a maior parte das horas do dia e não permite que se dedique à família, vida social ou outros projetos, pode trazer infelicidade.
"Dinheiro é um meio, não um fim", diz Lucas Gomes. "O ideal é conseguir ganhar dinheiro com aquilo que gosta de trabalhar", afirma Amauri Nóbrega.
Além disso, a quantidade que cada um almeja é variável. "Ganhar dinheiro é relativo. R$ 100 mil é muito ou pouco? R$ 1 milhão é muito ou pouco? Tem gente que deseja andar de Ferrari, enquanto outros querem um carro apenas para transporte. A percepção de sucesso é muito variável", diz Amauri Nóbrega.
2. Quanto mais diplomas tiver, mais prestígio conquista
Os especialistas são unânimes em dizer que formação acadêmica não serve de nada sem experiência profissional e resultados. "Muitas vezes, ele [diploma] pode valer como um dos critérios de desempate entre candidatos a um determinado cargo. Se não trouxer resultados concretos, porém, os diplomas somente servirão para decorar as paredes do escritório", diz Silvana Case.
Segundo Maurício Sampaio, muitos profissionais retardam a entrada no mercado de trabalho para conseguir diplomas, entrando direto em uma pós-graduação depois da faculdade, e isso pode ser ruim, porque outros profissionais já estão trabalhando e conquistando seu espaço. "Nem oito, nem 80. É bom o diploma, mas também é bom ir para a prática".
3. Quanto maior o network, melhor para você
"Quantidade não é sinônimo de qualidade", afirma Fábio Nogueira. O número de cartões de visita que tem em sua coleção ou de telefones na agenda não significa nada se esses contatos não estão dispostos a se encontrar com você ou ajudá-lo quando precisar.
"Se você tem meia dúzia de amigos que são presidentes de empresa e param o que estão fazendo para o atender, é melhor do que ter uma rede vasta de gente que demora para responder", diz Lucas Gomes.
4. Os fins justificam os meios
Essa fala é muito comum e igualmente questionada, principalmente do ponto de vista ético. "Vou bater uma meta, mesmo que tenha de subornar uma pessoa para fechar o contrato?", diz Lucas Gomes.
5. O importante é conseguir bater metas
Metas são importantes para a conquista de resultados. Na maioria dos casos, são elas que vão determinar o sucesso financeiro de uma empresa. Mas os especialistas alertam que utilizá-las como o único parâmetro é um risco. "É importante bater meta, mas os meios utilizados para atingir esse objetivo são fundamentais", afirma Fábio Nogueira.
Para Lucas Gomes, atingir metas deixando de lado outros fatores, como qualidade do trabalho e bem-estar dos profissionais envolvidos, não é sustentável a longo prazo. Clientes não vão comprar um produto ruim duas vezes, assim como funcionários insatisfeitos terão um rendimento cada vez pior.
Maurício Sampaio diz, porém, que a tendência é que as empresas foquem cada vez mais nas metas, principalmente em períodos de crise, como o atual. "O importante é a performance. Empresa vive de receita".
6. Alguém sempre ganha e alguém sempre perde
No caso de uma concorrência, em que três empresas competem para vender um produto, é natural que a vitória de uma represente a derrota para as outras. Mas isso não é verdade em todas as relações de trabalho. Os especialistas defendem o que chamam de "ganha-ganha".
Para Lucas Gomes, isso é claro na relação entre a empresa e um cliente. Se ambos não estiverem satisfeitos, aquele cliente não volta a fazer negócios. Isso também é válido na relação com um fornecedor, ao negociar preços, por exemplo. O melhor, para manter uma parceria duradoura, é que ambos estejam satisfeitos.
"Existem situações em que ambos ganham. Se o empregado já não está feliz e não é mais capaz de gerar resultado, pode ser uma boa para ambos romper a parceria e buscar novos ares", diz Fábio Nogueira.
7. Aposentadoria é para ficar totalmente encostado
Aposentadoria é o momento de calçar o chinelo, apoiar-se no dinheiro que recebe da previdência privada ou do INSS, e relaxar, certo? Nem sempre. "A maioria que faz isso fica insatisfeita. A satisfação vem da evolução, de aprender coisas novas", diz Lucas Gomes.
"Hoje, há pessoas com 55, 60 anos, que estão aposentados e ainda têm 15, 20 anos de auge pela frente", afirma Maurício Sampaio.
Os especialistas aconselham a buscar novos interesses, como investir em novos negócios ou atividades, por exemplo, buscando algo que satisfaz. Mas sempre com planejamento, para não ter problemas financeiros, aconselha Silvana Case.
Amauri Nóbrega recomenda que a nova atividade seja próxima da que estava acostumado a fazer, ou que parta de um hobby que já tenha, porque diminui as chances de dar errado.
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