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Produtividade no home office cresce em 2021, mas bem-estar cai, diz estudo

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Chapecó (SC)

26/05/2021 16h31

Cresceu a fatia de profissionais de altos cargos que apontam ganho de produtividade no home office este ano, mas a sensação de bem-estar caiu no período, segundo uma pesquisa da Fundação Dom Cabral, em parceria com a Emlyon Business School, da França, e a consultoria Grant Thornton Brasil.

Esta é a segunda edição da pesquisa, feita um ano após o anúncio das medidas de isolamento social. A primeira foi feita no ano passado, duas semanas após a edição do decreto de calamidade pública no Brasil.

Neste ano, 35,6% dos entrevistados disseram que o trabalho remoto é mais produtivo na comparação com o presencial, contra 31,7% do ano passado. Outros 23,2% afirmaram que o home office é "significativamente mais produtivo", ante 12,4% em 2020.

A pesquisa ouviu profissionais nos cargos de gerente, líder, diretor, sócio ou acionista e CEO ou presidente.

Mulheres e gerentes mais produtivos

O aumento na produtividade foi apontado mais por mulheres. Dentre elas, 38% disseram estar mais produtivas, contra 33,9% dentre os homens. Já o item "significativamente mais produtivo" foi escolhido por 29,1% das mulheres e 18,1% dos homens.

Também foi comparada a produtividade do trabalho remoto entre cargos diferentes. Ao todo, 26,7% dos gerentes e líderes consideraram o home office "significativamente mais produtivo", contra 15% dos CEOs, presidentes, sócios e diretores. Já no critério "menos produtivo" a relação se inverte.

Problemas de equilíbrio e bem-estar

A pesquisa destaca que a maior produtividade nem sempre caminha no mesmo sentido da percepção de equilíbrio e bem-estar para muitos colaboradores. Veja problemas apontados pelos entrevistados:

  • 24% perceberam um volume maior de horas trabalhadas
  • 16% tiveram dificuldade de relacionamento e de comunicação
  • 14% relataram problemas de equilíbrio do trabalho com as atividades pessoais
  • 11% apontaram espaço inadequado
  • 10% indicaram problema de foco e atenção
  • 9% disseram que a infraestrutura é limitada

"A maior produtividade não será sustentável sem apoio para a reorganização do tempo e do espaço em termos daquilo que se refere à vida profissional e pessoal. Os resultados desta nova pesquisa mostram que não podemos nos deixar seduzir pela alta produtividade. Fazem-se necessários ajustes nos três níveis: organização, equipes e indivíduos", diz a pesquisa.

Excesso de reuniões virtuais

Nas respostas abertas, os entrevistados reclamaram, por exemplo, do excesso de reuniões virtuais. "A facilidade de agendamento e realização de reuniões virtuais acabou resultando em uma jornada ininterrupta de 'calls'. A noção de prioridade foi perdida", disse uma das pessoas ouvidas na pesquisa, não identificada.

O estudo identificou ainda queda no equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Ao serem questionados se conseguiam balancear trabalho com outras atividades, 18,6% disseram que sim, na pesquisa deste ano, contra 31,1% no ano passado. E 34,8% responderam que conseguem parcialmente, neste ano, contra 42,2% em 2020. Além disso, 29,9% relataram maior cansaço e irritabilidade em relação a 2020.