O que fazer com FGTS aplicado em ações da Vale e Petrobras? Confira
Epaminondas Neto
Do UOL, em São Paulo
01/04/2013 06h00
O que fazer com o dinheiro do FGTS aplicado nos fundos de ações da Vale e da Petrobras? Esta é a pergunta que muitos trabalhadores que optaram por investir nos papéis da petrolífera e da mineradora na década passada devem estar se fazendo agora.
Criados nos anos de 2000 (para as ações da Petrobras) e 2002 (para as ações da Vale), esses fundos permitiram que milhares de brasileiros transferissem parte das reservas (até 50%) acumuladas no FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para essas aplicações.
Quem fez a aposta mais arriscada tirou proveito de anos excepcionais para o mercado de ações brasileiro.
Fundos FGTS - O que levar em conta na hora de mudar
O ganho acumulado desses fundos nos últimos dez anos já foi bastante alto e mais compensador que o rendimento comum do FGTS. Sair agora é embolsar os ganhos do passado |
O rendimento regular do FGTS não deve ser suficiente para ganhar da inflação prevista para este ano e 2014, pelo menos |
As perspectivas para as ações da Vale são melhores que para as ações da Petrobras. No curto prazo, no entanto, a instabilidade dos preços deve prevalecer |
A opção de migrar para os fundos “Carteira Livre” tem a vantagem da diversificação. Mas esses fundos de ações são bastante instáveis. Quem não tolera perdas ou tem horizonte de curto prazo deve se manter afastado |
Segundo cálculos do instituto FGTS Fácil, os fundos da Petrobras renderam mais de 287% desde o início da aplicação, ante 82,1% do FGTS, enquanto os fundos da Vale proporcionaram ganhos de 696% desde 2002, ante 67,4% do FGTS no mesmo período.
Porém, nos últimos 12 meses, o dinheiro depositado nos fundos Petrobras teve uma perda de 43,4%; nos fundos Vale, a desvalorização acumulada foi de 9,56%.
Quer sair? Veja as opções
Para o investidor que mantém parte do seu FGTS nos fundos de ações da Vale ou da Petrobras, há poucas alternativas --nenhuma delas livre de ressalvas.
As regras estabelecidas para esses fundos permitem o retorno dos recursos para a carteira comum do FGTS, ou a transferência para os fundos chamados FMP-Carteira Livre. Também há a possibilidade de migrar de um fundo para outro (da Petrobras para a Vale, por exemplo).
O rendimento do dinheiro depositado no FGTS é baixo: cerca de 3% ao ano, abaixo da inflação prevista para este ano (5,7%) e os próximos dois anos.
“Se eu fosse esse investidor, acho que voltaria para o FGTS para não tomar um prejuízo ainda maior”, diz Phillip Souza, sócio-diretor da consultoria de planejamento financeiro Criterion.
A alternativa de resgatar os recursos é limitada pelas regras habituais: doença grave, a compra de imóvel e demissão sem justa causa, entre outros.
Os demitidos por justa causa não precisam ter pressa em decidir. As regras do FGTS não estabelecem prazos para o resgate dos recursos.
A opção de longo prazo
Os fundos FMP-Carteira Livre ou a migração de um fundo para outro são a opção mais arriscada, porque significam manter o dinheiro aplicado em renda variável (ações).
Por enquanto, é raro encontrar analistas do setor financeiro realmente otimistas a respeito do desempenho da Bolsa de Valores em 2013. No cenário atual do mercado, o investimento em renda variável reforçou seu caráter de longo prazo.
Os investimentos do tipo Carteira Livre têm uma diferença estratégica: em vez de concentrar o dinheiro em apenas uma ação (da Vale ou da Petrobras), permitem a diversificação por vários papéis, o que é considerado uma vantagem por especialistas em investimentos.
“Falando genericamente, eu prefiro fundos com um portfólio [carteira de ações] mais diversificado, porque o risco tende a ser menor”, diz Érico Argolo, sócio da gestora de investimentos Bogari Capital.
A outra saída é diversificar entre a renda variável e renda fixa. O trabalhador pode manter parte do dinheiro nos fundos de ações e parte no FGTS.
Petrobras ou Vale?
Pelo menos no curto prazo, não há perspectivas muito animadoras no mercado para os papéis da Petrobras. Há um pouco mais de otimismo a respeito das ações da mineradora, mas neste ano a instabilidade dos preços deve prevalecer.
“Não vemos motivos suficientes no curto e no médio prazo para melhorar as perspectivas para a empresa [a Petrobras]”, afirma Roberto Indech, profissional da área de estratégia da Rico Investimentos (o home-broker da corretora Octo).
Rendimento dos fundos FGTS piora e investidor saca recursos
Os números mais recentes mostram que os trabalhadores estão tirando dinheiro dessas aplicações, segundo levantamento da Anbima (Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais) feito a pedido da reportagem do UOL.
Nos últimos 12 meses (até fevereiro), saíram R$ 279,10 milhões dos fundos FGTS de ações da Petrobras; outros R$ 396,02 milhões também migraram dos fundos que aplicam em ações da Vale.