Ter inflação baixa demais ou preços caindo é bom para o país?
O brasileiro já está acostumado a sentir o impacto no bolso quando inflação é alta, pois ela corrói os salários e tira o poder de compra da população. Porém, ao contrário do que muita gente imagina, inflação muito baixa não é bom para o país. Toda economia precisa ter um nível mínimo de inflação, segundo economistas. Entenda abaixo os motivos.
Inflação muito baixa desestimula o consumo
Quando a inflação é muito baixa, ou ocorre deflação (queda nos preços), os preços dos produtos não se mexem ou começam a cair.
Com isso, as pessoas se sentem menos estimuladas a gastar. Por exemplo: se você quer comprar uma geladeira nova, mas fica sabendo que vai ter a Black Friday no mês que vem, vai comprar agora ou esperar para comprar mais barato?
Normalmente, as pessoas adiam as compras porque esperam que os preços caiam mais lá na frente.
Sem consumo, indústria para de produzir e demite
O lado perverso da inflação muito baixa é a estagnação da economia. O consumidor não compra porque acredita que o preço vai cair. A loja não vende, o produto fica encalhado e é preciso até baixar o preço. A indústria para de produzir porque não há procura. Em determinado momento, tanto a loja como a indústria serão forçadas a demitir funcionários.
Diante do risco de perder o emprego, as pessoas tendem a continuar consumindo pouco, o que faz a economia entrar em um ciclo vicioso negativo.
Qual a inflação "ideal" para o Brasil?
Os economistas são unânimes em afirmar que é necessário um nível mínimo de inflação para que a economia de qualquer país cresça de forma saudável. Mas essa taxa "ideal" não é necessariamente a mesma para todos os países. Algumas variáveis econômicas —como a taxa de câmbio, a taxa de juros, a produtividade dos trabalhadores, a dívida pública e a balança comercial— interferem no comportamento dos preços.
A inflação ideal é aquela que a população não percebe, que não faz os consumidores mudarem de ideia, adiando ou antecipando sua decisão de compra.
Em países desenvolvidos, como os Estados Unidos e o Japão, o nível ideal de inflação gira em torno dos 2% ao ano, nível que faz a economia girar e o país crescer, segundo economistas.
No Brasil, porém, esse nível "benigno" tende a ser mais alto devido às taxas de juros mais elevadas. Uma inflação entre 3% e 4% ao ano dá ao Brasil uma dinâmica de crescimento confortável, dizem economistas. Países em desenvolvimento, como México, Colômbia e Chile, apresentam inflação em torno dos 3% ao ano.
A vantagem de ter uma inflação sob controle e dentro de um patamar considerado "ideal" é a previsibilidade de longo prazo. As indústrias conseguem se planejar melhor, investir e gerar um crescimento mais sustentável.
(Reportagem: Téo Takar. Edição: Maria Carolina Abe)
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