Brasil tem a segunda maior taxa de juros e 15ª inflação mais alta do mundo
O Brasil tem a segunda maior taxa de juros do mundo, só perdendo para a Rússia, conforme levantamento da MoneYou, com dados de maio. No entanto, quando o assunto é inflação, o País não está entre os maiores custos de vida do mundo. Fica em 15º lugar, levando-se em conta 29 países mais a União Europeia (27 nações) e a Zona do Euro (20), segundo estudo da Austin Rating.
Nesta quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária (Copom) decide a nova taxa. O mercado espera pela manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano. Essa taxa, quando descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses, é de 6,31%. Confira quanto é o juro em cada país, por esses parâmetros:
As 10 maiores taxas de juros anuais do mundo:
- Rússia 7,79%
- Brasil 6,31%
- México 5,88%
- África do Sul 5,09%
- Colômbia 4,04%
- Indonésia 3,81%
- Hungria 3,42%
- Filipinas 2,44%
- Índia 2,23%
- Estados Unidos 2,08%
Fonte MoneYou / Taxa de Juros Anual em maio, descontada inflação projetada para os próximos 12 meses
Os juros estão tão altos por conta da inflação?
Nos cinco primeiros meses de 2024, a inflação brasileira acumulada é de 2,27%. O índice é menor que o acumulado no mesmo período do ano passado, quando atingiu 2,95%. Nos últimos 12 meses, ou seja, entre maio de 2023 e maio deste ano, o acumulado é de 3,93%, bem próximo de igual período do ano passado, quando bateu em 3,94%. Mas, na comparação com outros países, o Brasil tem a 15ª maior inflação. Confira:
Inflação anualizada nos últimos 12 meses
- Argentina 275,9%
- Turquia 75,4%
- Venezuela 60,1%
- Rússia 8,3%
- Colômbia 7,2%
- África do Sul 5,4%
- Paraguai 4,9%
- Austrália 4,8%
- Índia 4,7%
- México 4,7%
- Uruguai 4,3%
- Chile 4,2%
- Hungria 4,2%
- Filipinas 4,0%
- Brasil 3,9%
Fonte: Austin Rating, considerando inflação acumulada dos últimos 12 meses até 31 de maio
Por que há tanta diferença?
Na teoria, aumentar a taxa de juros serve para controlar a demanda. "E, consequentemente, os níveis dos preços, ou seja, a inflação", explica Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital.
O problema é que, no Brasil, outros fatores também definem os juros. "Embora o Brasil não tenha a segunda maior inflação, é um dos países que têm mais dificuldade de captar recursos. Por isso, precisa ter uma taxa de juros maior para se manter mais atraente aos investidores", explica o economista. "Caso contrário, o país registraria um êxodo financeiro que pressionaria o câmbio, e que, por sua vez, também pressionaria ainda mais a inflação", acrescenta ele.
Os gastos do governo também contam. Quando o governo gasta mais do que arrecada, a política monetária precisa ser mais rígida, explica Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating. "E isso vem acontecendo com o Brasil desde a década de 80", afirma.
Outro ponto que pressiona os juros são as tarifas públicas. Contas de água, luz, esgoto, transporte público, pedágios em rodovias - são reajustadas anualmente. Essas tarifas correspondem, segundo Agostini, a um quarto do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do País.
Mesmo em tempos de recessão, essas tarifas sobem, por contrato. Ou seja, mesmo que os preços estejam caindo, por conta de uma recessão, essas tarifas sempre terão um reajuste anual, pois há um contrato entre o governo e as concessionárias desses serviços que prevê isso.
Por isso, o Banco Central acaba mantendo a taxa de juros mais alta. "O Banco Central mantém os juros mais altos para poder trazer os preços livres para um nível mais baixo, para a inflação ficar dentro da meta e compensar essa alta das tarifas", explica o economista.
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