G20 espera afastar ameaça de 'guerra cambial'
MOSCOU, 16 Fev 2013 (AFP) - As potências industrializadas e emergentes do G20 pediram neste sábado aos governos que não realizem "desvalorizações competitivas" e disseram estar decididas a modificar o sistema fiscal internacional para que as multinacionais não realizem evasões de impostos.
Os ministros das Finanças do G20 pediram que os governos não fixem objetivos de taxas cambiais para estimular suas economias, embora considerem que a política monetária deve "seguir apoiando a recuperação econômica", no comunicado final divulgado neste sábado em Moscou.
"Nós nos absteremos de desvalorizações competitivas. Não fixaremos objetivos de taxas de câmbio com fins competitivos", afirma o comunicado final.
As vinte economias industrializadas e emergentes esperam, assim, convencer os mercados de que não cairão em uma guerra cambial, algo que havia levantado o temor de uma onda de desvalorizações.
"A política monetária deve se dirigir à estabilidade dos preços em nível nacional e seguir apoiando a recuperação econômica, conforme os respectivos mandatos" dos diferentes bancos centrais, consideram os países ricos e emergentes.
E reiteram seu compromisso de "avançar em direção a sistemas de taxas de câmbio mais determinados pelo mercado" e que "reflitam os fundamentos econômicos subjacentes".
Os ministros e chefes dos bancos centrais também defendem a adoção de "estratégias críveis no médio prazo" para reduzir seus déficits orçamentários, mas não fixam objetivos numéricos ou datas.
Segundo eles, os perigos que ameaçam a economia mundial retrocederam e "as condições dos mercados financeiros melhoraram". Contudo, ainda existem "importantes riscos e o crescimento mundial continua muito fraco".
Há pouco tempo, a disputa sobre as divisas estava centrada nas divergências entre as potências ocidentais e a China, acusada de manter o iuane artificialmente baixo para favorecer suas exportações.
Mas as injeções de liquidez do Federal Reserve americano e, mais recentemente, do banco central japonês, que buscam favorecer a atividade em seus respectivos países, depreciaram o dólar e o iene, o que automaticamente encarece as divisas de seus competidores e castiga suas exportações.
Os emergentes, começando pelo Brasil, vêm denunciando há dois anos estas práticas. Agora eles recebem o apoio de países europeus que, como a França, sustentam que o euro é muito forte e está atrasando a saída da crise.
Para evitar uma onda de desvalorizações competitivas de moedas, os países ricos do G7 reafirmaram na terça-feira em um comunicado que é preciso deixar que o mercado fixe por si só as taxas de câmbio.
Por sua vez, o G20 está decidido a tomar as medidas e "as ações coletivas necessárias para preencher as lacunas do sistema fiscal internacional que permitem às multinacionais evitar o pagamento de impostos", segundo o comunicado.
Os ministros das Finanças do G20 "esperam o plano de ação global" que a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) apresentará em julho, segundo o texto.
"Estamos decididos a implementar medidas destinadas a lutar contra a erosão da base tributária e a transferência de lucros, e a tomar as medidas necessárias, e esperamos o plano de ação global que a OCDE apresentará em julho" em uma nova reunião em Moscou, escrevem os ministros em seu comunicado.
"Reiteramos nosso compromisso de reforçar as trocas automáticas de informação (...) e apoiamos a análise da OCDE a favor de uma aplicação multilateral neste âmbito", acrescentam.
Em um documento publicado nesta semana, a OCDE, com sede em Paris, prometeu preparar até o verão boreal um plano de ação ambicioso para refundar as normas internacionais, não adaptadas à globalização e que permitem frequentemente que as multinacionais escapem completamente do pagamento de impostos.
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