OCDE alerta para estagnação sem precedentes dos salários
Paris, 4 Jul 2018 (AFP) - Embora o emprego tenha voltado aos níveis prévios à crise na maioria dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), os salários estagnaram, sobretudo para os trabalhadores com baixa remuneração, alertou nesta quarta-feira (4) a instituição.
"Há uma reativação do emprego em quase todos os países, o problema é que os salários não acompanham a tendência", explicou o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, ao apresentar as conclusões do relatório "Perspectivas do Emprego 2018" em uma coletiva de imprensa em Paris.
"O que é ainda mais preocupante é que a estagnação dos salários afeta muito mais os funcionários com baixos salários do que os do topo", acrescentou Gurría.
A taxa de crescimento anual dos salários, a 0,6% no quarto trimestre de 2017 nos países da OCDE, se mantém quase um ponto percentual inferior a antes da crise, aponta o relatório.
Este fenômeno se explica, segundo o organismo, por vários fatores, como a queda da inflação, o aumento dos empregos de baixa remuneração ou uma desaceleração da produtividade.
"É urgente que os países ajudem os trabalhadores, em especial aos poucos qualificados", alertou Gurría.
"A menos que os países consigam romper este ciclo, a confiança da população sobre a recuperação se enfraquecerá e a desigualdade no mercado de trabalho crescerá", advertiu a organização em comunicado.
Salário na Espanha diminuiu
No caso da Espanha, onde o desemprego caiu em mais de 10 pontos percentuais desde 2013, os salários encolheram nos últimos dois anos. Esses diminuíram 0,4% entre o quarto trimestre de 2016 e o quarto trimestre de 2017, um ponto percentual abaixo da média da OCDE, de acordo com o relatório.
"A importante e crescente proporção de trabalhadores em empregos mal remunerados ou em tempo parcial involuntário é um dos principais fatores que explicam a evolução negativa dos salários na Espanha", aponta o documento.
No México, o emprego não se recuperou do impacto da crise econômica mundial, mantendo-se em 59,8% da população entre 15 e 74 anos no quarto trimestre de 2017, ainda 1,4 ponto percentual abaixo de seu nível prévio à crise.
A organização, que reúne 35 países-membros, prevê que a taxa de emprego no país latino-americano cairá ainda mais durante 2018 e 2019. "Isso reflete a participação decrescente da força de trabalho, especialmente entre os jovens e os trabalhadores mais velhos", aponta.
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