Produção industrial dos EUA entra em recessão em meio a guerra comercial
Washington, 16 Jul 2019 (AFP) - A produção industrial dos Estados Unidos entrou em recessão em junho depois de dois trimestres em baixa, em um momento em que o presidente Donald Trump leva adiante guerras comerciais e o crescimento se desacelera na China e em outros países parceiros.
A queda acontece em um momento em que os Estados Unidos entram em seu décimo primeiro ano de recuperação econômica e apesar das promessas constantes de Trump de revitalizar a indústria, enquanto os serviços movimentam atualmente três quartos da economia local.
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Mesmo com um resultado positivo em junho (0,4%), a produção industrial caiu 2,2% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2018. A produção total ficou estagnada no sexto mês do ano, e caiu 1,2% no trimestre.
Em ambos os casos, foi a segunda queda trimestral consecutiva, indica um relatório do Federal Reserve publicado nesta terça-feira (16).
"A produção manufatureira suportou o peso das incertezas tarifárias e a desaceleração da atividade econômica global", indica uma análise da RDQ Economics.
O consumo continuou em alta em junho pelo quarto mês consecutivo, com crescimento especialmente em veículos, móveis e restaurantes, segundo dados oficiais divulgados nesta terça.
"A atividade está sofrendo uma leve recessão, mas provavelmente não se aprofundará muito mais", analisa Ian Shepherdson da Pantheon Macroeconomics.
- Juros mais baixos -A queda "não é notícia; é consequência da desaceleração cíclica da China e da guerra comercial", acrescenta o analista.
Shepherdson acredita que Washington e Pequim encontrarão uma saída para a disputa comercial, depois que retomaram as conversas telefônicas neste mês.
Os dados adversos geram dúvidas sobre os dados de crescimento para o segundo trimestre e poderão afetar a estratégia de taxas de juros do Federal Reserve.
As vendas varejistas cresceram 0,4% em junho, o dobro do esperado, o que representa um aumento de 3,4% em relação a junho de 2018, segundo dados oficiais.
A pesar do sólido setor varejista, a maioria dos economistas esperam um corte modesto na taxa de juros básica no final de julho como uma medida preventiva, dados alguns sinais de fragilidade.
Shepherdson disse que a medida é prematura, já que espera uma recuperação para a segunda metade do ano.
"Cortar os juros agora pela recente fraqueza da produção industrial é um erro, na nossa opinião, porque as políticas monetárias funcionam em períodos longos, e a recuperação do segundo semestre sustentará o crescimento no ano que vem", avalia.
Analistas de Oxford Economics afirmam, contudo, que "o impulso esfriou precipitadamente na primeira metade do ano".
"Olhando para frente, esperamos que a atividade manufatureira e a produção industrial continuem suportando o vento contra".
A Oxford Economics espera que o Fed faça "três cortes" de juros nos próximos nove meses.
A produção de minérios aumentou 0,2% em junho, enquanto que p petróleo e o carvão subiram 2,5% nesse mês. A mineração cresceu 8,9% no último trimestre, seu décimo primeiro aumento trimestral consecutivo.
Com temperaturas mais amenas em junho, que fizeram diminuir a demanda por ar-condicionado, os serviços públicos recuaram 3,6% em junho.
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