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Como nova 'freada' da economia chinesa poderá afetar o Brasil --para o mal e para o bem

Investidor dorme diante dos painéis que mostram os movimentos da Bolsa de Pequim Imagem: Fred Dufour/AFP

05/03/2017 09h09

O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, anunciou neste domingo (5) a revisão para baixo da previsão de crescimento da economia do país em 2017.

Falando durante o congresso anual do Partido Comunista Chinês, em Pequim, Keqian disse que o PIB do gigante asiático deverá crescer apenas 6,5% em 2017, em um encolhimento de 0,2% ponto percentual em relação ao ano passado --que já tinha marcado o pior desempenho econômico da China em mais de 25 anos.

Anteriormente, o governo chinês esperava crescimento de até 7% para este ano, algo já menor que a média histórica apresentada pelo país desde a introdução das reformas econômicas de 1989 --entre aquele aquele ano e 2015, o país cresceu a uma média anual de pelo menos 10%.

O anúncio da revisão acenderá luzes de alerta em todo o mundo, e é de interesse especial para o Brasil. Nos últimos anos, Pequim se consolidou como o principal parceiro comercial de Brasília.

Como essa nova "freada" chinesa pode afetar a economia brasileira?

Exportações

De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), a China é o destino de mais de 15% das exportações brasileiras.

Em 2016, as vendas para a China caíram quase 6% em relação a 2015, ano em que já havia se registrado um registrou decréscimo de 15% no volume de exportações para o país asiático.

Desde 2015, a China já vinha comprando menos, e a perspectiva agora é de nova diminuição. O discurso de Keqian na assembleia do PC Chinês citou especificamente o excesso de oferta de carvão e aço no mercado chinês e isso pode ter impacto direto no minério de ferro brasileiro --a China concentra entre 50% a 60% da capacidade siderúrgica do mundo.

Vale ainda lembrar que matérias-primas representam o grosso das exportações brasileiras para a China. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (IPEA) publicado em março do ano passado já estimava que, para cada dólar adquirido pelo Brasil em vendas para a China, "pelo menos 87 centavos vinham de produtos primários e manufaturas intensivas em recursos naturais".

Nervosismo no mercado de ações

Em 2016, as Bolsas de valores chinesas tiveram períodos de instabilidade que causaram preocupação global --por duas vezes houve quedas de mais de 7%. As oscilações afetaram o mercado brasileiro, por conta de fatores como a desconfiança de investidores em mercados emergentes e a fuga de investimentos, além da pressão inflacionária provocada pela desvalorização do real em relação ao dólar.

Oportunidades disfarçadas?

Mas a "freada chinesa" poderá trazer oportunidades para o Brasil. Apesar da queda no PIB, a China segue crescendo mais do que qualquer outra grande economia industrializada do mundo e seguirá dependendo fortemente da importação de alimentos e energia, dois setores em que o Brasil desfruta do que especialistas consideram uma "posição privilegiada" por conta da disponibilidade de recursos naturais e terras férteis bem maiores que a chinesa.

No estudo do IPEA, Ricardo Bacelette, economista da instituição especializado em China, descreveu um cenário em que o aumento da população urbana no país asiático resultará em um crescimento do interesse chinês em importações brasileiras e mesmo investimentos no Brasil nos próximos cinco anos --os aportes diretos na primeira metade de 2016 (US$ 10 billhões) foram o dobro dos registrado em 2015, por exemplo.

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