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Jovens chineses deixam empregos estatais para buscar riqueza em startups de tecnologia

Lulu Yilun Chen

27/04/2015 12h24

(Bloomberg) -- Por décadas, os empregos mais cobiçados da China estavam no governo, por oferecerem renda estável, segurança laboral e poder. Agora, gente como Nymar Li está mudando essa percepção deixando o Estado para correr atrás da riqueza em uma empresa startup.

Li se tornou o orgulho da família quando conseguiu um emprego na Alfândega logo depois de terminar o Ensino Médio, há uma década. No ano passado, ele abriu mão da segurança de ter um emprego para a vida toda e ingressou em uma startup de comércio eletrônico em operação em Hangzhou, seguindo o caminho de Jack Ma, que ajudou a fundar a Alibaba Group Holding Ltd. na mesma cidade e depois realizou a maior oferta pública inicial da história.

Este é um sinal de uma mudança mais ampla na China em um momento de desaceleração da economia e de dificuldades das empresas apoiadas pelo Estado. Pessoas como Ma estão inspirando uma geração a tornar-se empreendedora e a buscar sua fortuna no setor privado, em um momento em que a repressão à corrupção torna menos prestigioso e lucrativo ser funcionário público.

"Os mais brilhantes da nossa geração já não almejam fazer parte do sistema", disse Li, de 34 anos. "Contanto que você tenha o calibre certo, existe uma possibilidade real de você se dar bem no mercado".

Existe uma evidência clara de que menos pessoas querem entrar para o governo em meio à campanha anticorrupção do presidente Xi Jinping. O número de pessoas que realizam o exame de entrada caiu 7,5 por cento, para 1,4 milhão, uma baixa recorde, segundo o jornal estatal People's Daily.

Liu Yuan, gerente de investimento do ZhenFund, enxerga essa mudança nas startups que ele apoia. No ano passado, o investidor-anjo com escritório em Pequim injetou US$ 70 milhões em 100 startups. Cerca de metade de seus investimentos mais recentes foram fundados por pessoas formadas na universidade nascidas depois de 1985.

Startups diárias

"Os jovens atualmente já não colocam o emprego estatal no topo da lista", disse Liu, de 26 anos. "O que eles têm em vista agora é criar sua própria startup".

Novas empresas estão surgindo em um ritmo recorde. A versão chinesa do Vale do Silício deu à luz a 49 startups por dia no ano passado. Mais de 1.000 organizações estão investindo em startups com um capital que supera 350 bilhões de yuans (US$ 56 bilhões), segundo o ministério de Ciência e Tecnologia.

"Há uma tonelada de dinheiro em busca de destino", disse Michael Pettis, professor de Finanças da Faculdade Guanghua de Administração da Universidade de Pequim. "Não é surpresa que tantas empresas startup queiram tirar vantagem disso".

Com o surgimento de uma nova geração menos ligada ao governo, o Partido Comunista, que governa o país, precisará descobrir como manter o controle, disse Isaac Mao, um investidor-anjo fundador da fabricante de aparelhos inteligentes Aivvy Inc.

"Existe um conflito inerente a tudo isso", disse Mao. "Pensar que é possível ter uma inovação real e um setor de tecnologia próspero sem desistir do poder é, em algum ponto, ilusão".

Já existem mudanças em andamento: alguns jovens que fizeram sucesso fora estão voltando à China.

'Processo poderoso'

Hou Yu, de 26 anos, uma ex-bancária do Goldman Sachs Group Inc., voltou de Hong Kong para a China continental no ano passado para criar sua própria empresa de finanças on-line. Ela está focada em trabalhar com pequenas e médias empresas.

"A atual expansão tecnológica da China está entrelaçada com a reforma nas finanças, na política, na energia, no meio ambiente e na saúde", disse Hou, que se formou na Universidade de Nova York com mestrado em matemática. "Este é um processo poderoso e é muito emocionante".

Título em inglês: China's Young Leave State Ranks to Chase Riches at Tech Startups

Para entrar em contato com o repórter: Lulu Yilun Chen, em Hong Kong, ychen447@bloomberg.net.

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