Fórum Econômico Mundial terá robô e DiCaprio ao lado de executivos e políticos
(Bloomberg) - Sheryl Sandberg, da Facebook, Jamie Dimon, do JPMorgan Chase, e Jack Ma, da Alibaba, vão dividir o protagonismo com o premiado robô sul-coreano HUBO durante a reunião anual do Fórum Econômico Mundial (FEM), que ocorre nesta semana, no resort suíço de esqui. Eles terão que se acostumar com essa presença.
O autômato do tamanho de um adulto, capaz de subir escadas e descer de um carro, será uma das estrelas da conferência. Ele ilustra um desafio iminente para os 2.500 representantes da elite: como proteger suas empresas e os empregos ao captar os avanços da inteligência artificial e da robótica sem intensificar a frustração econômica e a discórdia populista que estão se espalhando pelo mundo.
"Se algumas das previsões sobre tecnologia e emprego se concretizarem, todos nós deveríamos estar preparados", disse Alan Winfield, professor especialista em robótica, da Universidade do Oeste da Inglaterra, que dará uma palestra em Davos. "É preciso que haja soluções".
DiCaprio, Kevin Spacey e will.i.am
Junto com robôs, também disputarão a atenção dos executivos, banqueiros, políticos e economistas: a desaceleração na China e os consequentes tremores nos mercados financeiros, a nova rajada de tensões geopolíticas da Coreia do Norte à Arábia Saudita, a crise de imigrantes na Europa, e as ambições de Donald Trump à Presidência dos EUA.
Esses assuntos darão o que falar no famoso Hotel Belvedere e em outros lugares, que nas últimas quatro décadas se tornaram o foco da economia mundial durante uma semana a cada mês de janeiro. O encanto das celebridades será espalhado por gente como Leonardo DiCaprio, Kevin Spacey e will.i.am.
A Quarta Revolução Industrial
Cerca de 20 sessões durante a conferência de quatro dias serão dedicadas ao tema oficial, "A Quarta Revolução Industrial", um termo genérico para designar o rápido progresso tecnológico.
Sandberg, diretora de operações do Facebook, vai debater com o presidente da Microsoft, Satya Nadella, sobre como essa revolução vai "transformar indústrias e sociedades". O presidente do conselho da Blackstone Group, Stephen Schwarzman, e o presidente do Bank of America, Brian Moynihan, vão falar sobre os desafios tecnológicos enfrentados pelo setor financeiro.
Os organizadores criaram um "Espaço robótico", que será ocupado por uma demonstração do HUBO, desenvolvido no Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia do Sul. No ano passado, esse robô ganhou um prêmio de US$ 2 milhões ao superar 22 concorrentes de todo o mundo em um concurso patrocinado pelo Departamento de Defesa dos EUA.
Soldados e generais
Outras discussões revelam tanto preocupação quanto admiração. Há painéis sobre o que acontecerá quando robôs forem à guerra, possivelmente no lugar "tanto de soldados quanto de generais", e se a inovação "está prejudicando a classe média" ao eliminar empregos.
Poucos especialistas negam que a ascensão dos robôs e dos software sofisticados que fazem com que eles funcionem vai gerar perdas e ganhos, assim como aconteceu com a máquina a vapor e o advento da produção em série.
Pesquisadores da Universidade de Oxford, por exemplo, admitem que quase metade dos empregos nos EUA corre o risco de ser automatizada dentro das próximas duas décadas. O mais notável são os cargos que exigem competências elevadas, que até então estavam muito protegidos dos avanços da tecnologia.
Uma análise do Fórum estima uma perda líquida de 5 milhões de empregos em 15 economias de peso por volta de 2020.
Robôs para investimentos
No setor financeiro, a unidade Merrill Lynch, do Bank of America, já está tentando automatizar a assessoria financeira para alguns clientes com contas com menos de US$ 250 mil. Morgan Stanley e Wells Fargo também dizem que vão desenvolver ou comprar assessores robóticos.
Nem os redutos mais tradicionalmente lucrativos do setor de investimento estariam a salvo; Highbridge Capital, um fundo hedge interno do JPMorgan, está trabalhando com a Sentient Technologies, de San Francisco, para usar a chamada inteligência artificial no desenvolvimento de estratégias de investimento.
Mais produtividade, menos custos
Enquanto isso, a Alphabet, matriz do Google, que será representado em Davos por Eric Schmidt, presidente do conselho executivo, comprou uma série de companhias de robótica. E o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, disse neste mês que seu desafio pessoal para 2016 é desenvolver um assistente doméstico com inteligência artificial.
"Se os executivos forem espertos, eles verão isso como um desafio que pode ser usado a favor dos interesses de suas empresas", disse Tim Adams, ex-funcionário do Departamento do Tesouro dos EUA, que atualmente dirige o Instituto de Finanças Internacionais.
O Bank of America estima que só os setores fabril e de saúde vão economizar US$ 9 trilhões em custos durante a próxima década, e que a produtividade poderia aumentar em cerca de um terço em muitos setores.
A dificuldade é o que acontecerá se as perdas provocadas pela revolução forem suficientes para suprimir a demanda econômica pelos produtos produzidos em série pelas máquinas.
Um motivo para temer isso é que o número de pessoas afetadas poderia ser maior do que se pensava. Pesquisadores da McKinsey estimam que, por volta de 2025, robôs ou software automatizados serão capazes de realizar o trabalho de 140 milhões de profissionais especializados.
Ascensão de Donald Trump
O presidente dos EUA, Barack Obama, que enviou a Davos a delegação americana de mais alto nível desde que assumiu o cargo, alertou no discurso do Estado da União deste mês que "a tecnologia não substitui apenas os trabalhadores da linha de montagem, mas de qualquer emprego cujo trabalho possa ser automatizado". Isso poderia aumentar a frustração econômica que já está em alta nos EUA, na Europa e no restante do mundo.
A decepção com o atual estado das questões econômicas é um grande impulsor do apoio a políticos contrários ao establishment, como Trump, disse Stu Eizenstat, participante frequente de Davos e ex-funcionário dos Departamentos de Estado e do Tesouro dos EUA, que agora está no escritório de advocacia Covington Burling.
Se os líderes não tomarem cuidado, teremos "uma revolução que privará muitas pessoas da classe média de direitos e será fonte de muito rancor", disse ele.
IBM otimista
Aqueles que estão na vanguarda do desenvolvimento de novos sistemas de computadores são mais otimistas.
Na IBM, os pesquisadores estão trabalhando para desenvolver produtos a partir da plataforma Watson --mais conhecida por sua habilidade para responder às perguntas do programa de TV "Jeopardy"-- que buscará candidatos para empregos, analisará pesquisas acadêmicas e poderia até ajudar oncologistas a decidir quais são os melhores tratamentos.
Essa tecnologia revolucionária é o único modo de resolver "os grandes problemas", como a mudança climática e as doenças, e ao mesmo tempo faz com que muitos trabalhadores comuns sejam mais produtivos e melhores em suas tarefas, de acordo com Guru Banavar, vice-presidente de computação cognitiva da IBM.
"Fundamentalmente", disse Banavar, "as pessoas terão que se acostumar a usar essas máquinas que aprendem e pensam".
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