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Caça por próxima commodity para carros elétricos ganha força

Laura Millan Lombrana e Susanne Barton

23/08/2017 14h25

(Bloomberg) -- O cobalto, um metal de nicho, está fazendo nomes mais importantes, como cobre e lítio, comerem poeira, provocando uma caçada por novos depósitos desde Idaho até o Chile.

Um dos principais componentes da nova geração de baterias recarregáveis, cuja oferta é dominada pela República Democrática do Congo, o cobalto viu seus preços quadruplicarem o ritmo dos principais metais nos últimos 12 meses. Isso chamou a atenção de governos, empresas de exploração e gerentes de recursos, e a demanda anual deverá aumentar 34 por cento até 2026, à medida que os carros elétricos tomarem uma participação maior da frota global de automóveis, segundo a CRU Group.

As autoridades do Chile, principal produtor de cobre, estão iniciando uma missão de averiguação com o objetivo de retomar a produção de cobalto após um hiato de mais de sete décadas. A First Cobalt está se combinando com outras duas empresas para criar o que chama de maior exploradora mundial do mineral. A aposta no setor de cobalto ajudou a dar a um fundo da Commodity Capital o melhor desempenho do mercado de commodities, e o lendário empreendedor australiano do setor de mineração, Mark Creasy, incluiu o cobalto em sua lista mais recente de alvos.

"O cobalto é a próxima grande novidade", disse Dana Kallasch, cofundadora da Commodity Capital, por telefone, na terça-feira. O Global Mining Fund da empresa deu retorno de cerca de 70 por cento neste ano, superando 213 pares, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O mineral, antes usado para colorir cerâmicas de azul escuro, agora é buscado por fabricantes de automóveis e de telefones, como Tesla e Apple.

Mais da metade da produção global vem do Congo. O país africano produziu 66.000 toneladas no ano passado, contra 7.700 da China, a segunda maior produtora. No Congo, o cobalto é extraído de maneira basicamente informal e em condições precárias, muitas vezes envolvendo trabalho infantil.

"Vemos que as empresas estão mais cautelosas em relação à origem do cobalto e solicitam que os provedores tenham a documentação correta", disse Rebecca Gordon, diretora de metais para tecnologia da CRU Group, por telefone, de Londres. "Mas não está sendo feita muita coisa em outros lugares."

O mercado de cobalto registra um déficit de 5.500 toneladas, segundo a CRU, com uma contração de 3,9 por cento da oferta global em 2016. Os projetos de lixiviação de minério da Katanga, pertencente à Glencore, e de recuperação de rejeitos da Eurasian Resources Group -- ambos em processo de aceleração neste ano no Congo -- deverão ajudar a reduzir o déficit. O aumento dos preços incentiva os operadores da Ásia e de outros países a produzir cobalto como subproduto de outros metais, como níquel e cobre.

O Chile também quer entrar no páreo. A agência de desenvolvimento Corfo se reuniu com empresas como Samsung SDI e Umicore na Europa durante um roadshow recente sobre o lítio, outro componente-chave das baterias de carros elétricos. Algumas fizeram perguntas sobre o cobalto chileno, disse Eduardo Bitran, vice-presidente-executivo da Corfo, em entrevista, na segunda-feira.

Ao retornar a Santiago, a Corfo começou a pesquisar registros que mostram que foram extraídos mais de 7 milhões de toneladas de cobalto no Chile entre 1844 e 1941. Um documento de 1944 mostra que a qualidade média do minério era mais de duas vezes maior que a média da produção atual do Congo. Na semana passada, a agência iniciou uma campanha de 60 dias para determinar quanto cobalto o Chile realmente possui.

"Estamos conversando com pessoas mais velhas da região de Coquimbo para descobrir onde eram as antigas minas, investigar quem são os donos das terras e coletar as primeiras amostras", disse Bitran. "Não temos uma estimativa de reserva, mas queremos reunir provas e disponibilizá-las ao setor privado."

--Com a colaboração de Natalie Obiko Pearson

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