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Melhores contratações para criptomoedas não são da geração Y

Annie Massa

27/02/2018 14h22

(Bloomberg) -- Os antigos xerifes de Wall Street estão assumindo novas funções em um território selvagem: o das moedas virtuais.

Um número cada vez maior de startups de criptomoedas está adicionando às folhas de pagamentos ex-integrantes de órgãos reguladores e outras autoridades governamentais, prática que pode ajudá-las a evitar ou a se preparar para o endurecimento das regras. As empresas contrataram ex-promotores, integrantes de departamentos de segurança nacional e pelo menos um importante ex-diplomata -- que podem ser úteis em um momento em que os países estão decidindo se devem adotar ou proibir o dinheiro digital.

O ritmo das contratações aumentou em novembro, quando a Ripple, uma empresa que pretende reconectar bancos internacionais com sua própria criptomoeda, adicionou Ben Lawsky ao conselho. Como chefe de fiscalização financeira de Nova York, ele ganhou fama de linha-dura por pressionar os bancos a examinar minuciosamente as transações dos clientes em busca de negócios ilícitos. Em janeiro, a corretora de criptomoedas Omega One admitiu um novo assessor, Bart Chilton, ex-membro da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês). O órgão supervisiona as moedas digitais.

"O fato de ele estar disposto a assumir um papel de consultor em nossa empresa é um sinal de que superamos certo nível de due diligence", disse o CEO da Omega One, Alex Gordon-Brander, sobre Chilton.

'Cobertura aérea'

A onda de contratações acaba com o domínio dos integrantes da geração Y no mundo das criptomoedas -- muitos deles sem experiência em bancos tradicionais. Avança, no entanto, por um caminho bastante trilhado pelos inovadores do setor de finanças, como os bancos on-line, que iniciaram uma reformulação do setor e depois acabaram recrutando especialistas para guiá-los por suas muitas armadilhas regulatórias.

É provável que as empresas de criptomoedas sigam contratando especialistas em regulação para ganhar legitimidade, disse Dave Weisberger, CEO da CoinRoutes, uma empresa de dados e roteamento de ordens de criptomoedas. Mesmo assim, os possíveis investidores não deveriam presumir que essa estratégia transforma as empresas em uma aposta segura, disse.

"Se a contratação de alguém para o conselho consultivo convence os investidores de que um produto representa menos riscos regulatórios, eles estão redondamente enganados", disse Weisberger. "Muitos podem ser enganados e pensar que contam com mais cobertura aérea."

O recrutamento de ex-integrantes de órgãos reguladores governamentais é um avanço natural, disse Arthur Levitt, ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês). "Todas as novas empresas tentam isso", disse Levitt, que assessora firmas de criptomoedas como BitPay e Mirror e é diretor da Bloomberg LP, a empresa controladora da Bloomberg News. "Não há nada de exclusivo nas criptomoedas."

Alguns contratados até ajudaram a fazer pregações em prol das criptomoedas, tranquilizando a população quanto a moedas populares ou afirmando que sua tecnologia básica, conhecida como blockchain, será uma força do bem.

Dias antes de a Omega One anunciar sua contratação, Chilton disse que desejava ter investido em bitcoins e em suas principais rivais anos antes -- na época em que alertava as pessoas, na qualidade de comissário da CFTC, a terem cuidado em relação a elas e defendia uma regulação maior. De forma geral, as oscilações selvagens de preços estão se "suavizando", disse ele à CNBC, em 11 de janeiro.

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