Efeito Americanas? Saiba por que ações de Magalu e Casas Bahia despencaram
Lílian Cunha
Colaboração para o UOL
14/01/2025 10h24
Desde a descoberta do rombo da Americanas (AMER3), em janeiro de 2023, as ações da companhia perderam 99% do valor, segundo a Economatica.
Porém, outras concorrentes do setor, como Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) também tiveram quedas semelhantes no mesmo período, mesmo não tendo problemas com rombos fraudulentos.
Queda nas ações
- Americanas (AMER3) -99,54%
- Casas Bahia (BHIA3) -95,80%
- Magazine Luiza (MGLU3) -79,97%
Fonte: Economatica / De 11 de janeiro de 2023 a 10 de janeiro de 2024
Por que isso aconteceu?
Na época do rombo, as ações das Americanas caíram 70% de um dia para o outro. No dia 11 de janeiro de 2023, a recém empossada diretoria da empresa varejista divulgou que havia um rombo no balanço da empresa de mais de R$ 25 bilhões.
Mas a baixa continuou da ação continuou. E não foi exclusivamente por conta da fraude nos balancetes, segundo Ricardo Brasil, analista de mercado. "O setor todo de varejo sofreu muito", diz ele.
Em seguida à divulgação do escândalo houve uma escassez e maior dificuldade de crédito para as empresas do setor. Os bancos passaram a segurar a liberação de empréstimos, com medo de que novas fraudes fossem divulgadas. "Isso afetou o acesso de empresas a financiamentos e prejudicou o funcionamento geral do mercado, uma vez que confiança dos investidores no mercado de capitais e na veracidade das demonstrações contábeis foi profundamente abalada", diz Eduardo Silva, presidente do Instituto Empresa.
Além disso, houve a variação da taxa básica de juros. Na época do escândalo, a Selic estava em 13,75% ao ano. Chegou a cair para 10,50% em maio do ano passado. Mas retomou a trajetória de alta novamente e está agora em 10,75%.
A taxa não só prejudica o consumo — na Casas Bahia, por exemplo, 65% das vendas no terceiro trimestre foram por carnê ou cartão de crédito — como também corrige a dívida das empresas. Ao fim de setembro, a dívida bruta da Casas Bahia era de R$ 4,28 bilhões. Essa dívida é corrigida a CDI mais 1,2% ao ano. O CDI é um índice de rentabilidade que acompanha a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. Ou seja, se a Selic sobe, a dívida da varejista acompanha.
O Magalu comunicou no dia 3 uma operação de alongamento do do prazo da dívida de debêntures no valor de R$ 2 bilhões. Com esse alongamento, agora a varejista pagará o equivalente a CDI mais 1,75%.