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Crescimento do turismo cria problemas ambientais na Índia

Adam Popescu

06/07/2018 14h18

(Bloomberg) -- Os hábitos de viagem dos cidadãos chineses estão mudando o mundo. Fazendo cerca de 145 milhões de viagens internacionais por ano, a classe média da China está viajando - e gastando - mais do que a de qualquer outro país: em 2016, ela desembolsou US$ 261 bilhões no exterior, um quinto de todas as vendas do turismo internacional, segundo a Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas.

Ao sul, a crescente classe média da Índia - 250 milhões de jovens profissionais com smartphone em uma população de 1,3 bilhão - começa a imitar a rival regional. Em menos de 10 anos, o Conselho Mundial de Viagens e Turismo projeta que a Índia se tornará a quarta maior economia de viagens e turismo, depois de China, EUA e Alemanha.

Embora mais pessoas do que nunca estejam visitando a Índia - duas décadas atrás, cerca de 2,4 milhões de turistas internacionais chegavam à Índia por ano; em 2017, esse número quintuplicou -, o aumento real vem das viagens domésticas. Quase 90 por cento dos turistas na Índia são indianos. Nos últimos três anos, seu destino mais popular foi Tâmil Nadu, estado do extremo sul, graças aos peregrinos que desejam visitar seus diversos templos.

O turismo no subcontinente gerou mais de US$ 230 bilhões em 2017, um aumento em relação aos quase US$ 209 bilhões gerados em 2016. O vasto país oferece inúmeras atrações: 36 patrimônios da humanidade e 103 parques nacionais, além do Taj Mahal em Agra, das fortalezas do Rajastão, da cidade sagrada de Varanasi e de tudo o mais entre as montanhas do Himalaia e as praias de Goa. Acrescente as selvas com tigres, elefantes e os últimos leões da Ásia, e nenhum outro país é mais apto para aproveitar o mercado de viagens de aventura, que deve crescer para US$ 1,3 bilhão até 2023.

"Os indianos estão descobrindo seu próprio país", diz Ahmed Chamanwala, fundador do Fringe Ford, uma pousada com cinco quartos que fica em uma floresta de mais de 210 hectares que abriga mais de 400 tipos de animais, no estado de Querala. "Em nossos primeiros anos, a maioria de nossos turistas estava de passagem. Mas, ao longo dos anos, temos observado um aumento no número de indianos que viajam nos fins de semana, vindos das principais cidades do país. Agora, o negócio está mais dependente do mercado indiano."

Paradoxos

A beleza natural do país faz parte de sua campanha de marketing, e a vida selvagem é uma grande atração. Mas uma preocupação que está sendo discutida em voz baixa, diz Chamanwala, é que a infraestrutura fraca e a burocracia pesada do país poderiam permitir que certas áreas percam o que as torna especiais antes que elas atinjam seu potencial. Em algumas regiões, as reservas de tigres não têm mais tigres, e os safáris da natureza podem parecer estacionamentos lotados, onde há mais fotógrafos do que animais para fotografar.

O turismo em lugares como o Ladaque depende da imagem de um meio ambiente intacto, mas os visitantes produzem milhares de quilos de lixo a cada ano. Mais de 30.000 garrafas plásticas de água são despejadas em aterros a céu aberto no Ladaque todos os verões. No Monte Everest, no vizinho Nepal, estima-se de 8 a 10 toneladas de tudo, de latas vazias de oxigênio e barracas de acampamento a cadáveres na montanha.

O lixo é um problema em todo o Himalaia, e grande parte dele é produzida pelos turistas domésticos. "O problema do lixo é uma grande preocupação, porque nosso turismo doméstico é uma grande parte dele", diz Misty Dhillon, fundador da Himalayan Outback, que organiza passeios pelo Ladaque e pela grande Índia. "As pessoas veem todos os turistas que vêm de fora para ver leopardos-das-neves, e os moradores locais se perguntam por que não fazer isso também."

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