Stanford investiga contatos com chinês criador de bebês editados
Kristen V. Brown
08/02/2019 12h53
(Bloomberg) -- A Universidade de Stanford está investigando o envolvimento de membros do corpo docente da instituição com o cientista chinês condenado internacionalmente por criar os primeiros bebês editados geneticamente do mundo.
Desde a alegação de He Jiankui, em novembro, de que duas garotas gêmeas haviam nascido com DNA alterado para torná-las resistentes ao HIV, vários membros do corpo docente de Stanford disseram que o pesquisador chinês conversou com eles sobre a possibilidade de modificar embriões humanos geneticamente e implantá-los em mulheres.
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O trabalho do pesquisador chinês, que usou a tecnologia de edição genética Crispr para modificar o DNA dos embriões, provocou um debate dentro da comunidade científica sobre os limites da engenharia genética. Uma investigação do governo chinês apontou, no mês passado, que ele violou leis, e sinalizou que ele pode enfrentar uma investigação criminal.
"Nós sempre analisamos os problemas envolvendo Stanford que chegam ao nosso conhecimento e há uma revisão em andamento das circunstâncias em torno das interações do doutor He com pesquisadores da universidade", disse o porta-voz da Universidade de Stanford, E.J. Miranda, por e-mail.
He realizou uma pesquisa de pós-doutorado em Stanford. Seu ex-assessor, Stephen Quake, disse que esteve em contato com He recentemente, assim como o bioeticista William Hurlbut e Matthew Porteus, um pioneiro no campo da edição de genes. Hurlbut e Porteus disseram que desencorajaram o experimento e sinalizaram sua reprovação.
A Universidade de Stanford preferiu não informar detalhes específicos de sua investigação. Hurlbut encaminhou as perguntas a respeito da análise ao escritório de relações públicas da instituição e Porteus e Quake não puderam ser localizados imediatamente para comentar o assunto.
A relação de pelo menos mais um pesquisador americano com He virou alvo de análise. Michael Deem, que aparece como autor de vários trabalhos com He e foi conselheiro de He, é investigado pela Universidade Rice, em Houston.
No mês passado, uma investigação do governo chinês determinou que He editou os genes de duas meninas que nasceram e outra gravidez resultante do trabalho de He também está em andamento. O trabalho dele não foi confirmado por cientistas independentes, nem passou por revisão de pares.
As atividades de emprego e pesquisa do cientista foram encerradas pela Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China após a investigação chinesa.
A análise da Universidade de Stanford foi noticiada primeiro pela Associated Press.