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Estoque de Jeep Wrangler nos EUA é sinal de risco para Detroit

Gabrielle Coppola

26/02/2019 15h31

(Bloomberg) -- Um aumento inesperado no estoque do Jeep mais emblemático da Fiat Chrysler Automobile desperta o receio de que o boom americano das SUVs, que alimentou o lucro das fabricantes de automóveis de Detroit, esteja chegando ao limite.

As concessionárias tinham estoque do Jeep Wrangler para 166 dias no início deste mês, em comparação com 116 dias no início do ano e 120 dias um ano atrás, de acordo com dados da Automotive News. O estoque do robusto SUV todo-o-terreno era quase o dobro da oferta por dia de carros e caminhonetes do setor.

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O excesso de estoque do Wrangler é preocupante porque a Fiat Chrysler está apostando quase exclusivamente em caminhões e SUVs, eliminando muitos de seus sedãs para rechear as margens de lucro. A Ford Motor e a General Motors estão seguindo o exemplo com medidas semelhantes. Mas, com novos modelos acumulando-se em todos os cantos do mercado de SUVs, as vendas do setor estão diminuindo e as taxas de juros estão tornando mais difícil comprar veículos novos, que nunca estiveram tão caros.

"As empresas do setor automotivo costumavam estar em uma posição em que a demanda superava a oferta", disse Adam Jonas, analista do Morgan Stanley, por telefone. "A oferta agora está acompanhando o ritmo da demanda e, possivelmente, chegando a um ponto em que excederá a demanda. Provavelmente ainda não chegamos nesse ponto, mas estamos nos aproximando dele."

O receio de que as fabricantes de automóveis de Detroit estejam produzindo em excesso pesou sobre suas ações, disse Jonas. Todas as três empresas caíram mais do que o S&P 500 no ano passado, e a Fiat Chrysler ficou abaixo do índice de referência em 2019.

A Fiat Chrysler afirma que aumentou intencionalmente o estoque do Wrangler. Sua fábrica em Toledo, Ohio, tem programado um período de inatividade para o primeiro semestre do ano, a fim de preparar as linhas de montagem para uma nova versão híbrida plug-in. Há também um aumento sazonal na demanda durante os meses de primavera e verão do Hemisfério Norte, quando os motoristas podem aproveitar o clima mais quente removendo o teto e as portas.

"Daremos continuidade às medidas para gerenciar os estoques das concessionárias no primeiro e no segundo trimestre", afirmou o CEO, Mike Manley, durante a divulgação de resultados da Fiat Chrysler, no dia 7 de fevereiro. "Até o final do primeiro semestre, projeto que nossos dias de oferta no varejo estejam alinhados com nossa taxa de vendas."

Recorde de vendas

O estoque do Wrangler continuou aumentando inclusive quando o modelo registrou o melhor janeiro de sua história e estabeleceu um recorde anual de vendas em 2018. O modelo, cujas raízes remontam aos veículos todo-o-terreno da Segunda Guerra Mundial, é um exemplo emblemático do crescimento da preferência dos consumidores americanos por automóveis mais robustos - e dos esforços das fabricantes de veículos para lucrar.

As remessas continuam subindo, apesar da elevada margem de lucro de novos recursos tecnológicos e conjuntos de motor e transmissão com melhor economia de combustível. Um Wrangler novo custava em média US$ 42.473 em 2018, mais caro que a média de US$ 37.460 em 2017 e de US$ 26.721 em 2008, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado Edmunds.

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