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Família mais rica da Tailândia se fortalece ajudando a China

Blake Schmidt e Natnicha Chuwiruch

24/04/2019 17h26

(Bloomberg) -- Chia Ek Chor fugiu de sua aldeia devastada por tufões no sul da China e começou uma nova vida na Tailândia vendendo sementes de hortaliças com seu irmão em 1921. Quase um século depois, com a maior fortuna familiar do país, seus descendentes estão se tornando os principais aliados econômicos do presidente chinês Xi Jinping.

O filho de Chia, Dhanin Chearavanont, é presidente do Charoen Pokphand Group, um vasto conglomerado que é o maior produtor mundial de ração animal, camarão e uma das maiores empresas de telecomunicações da Tailândia. O Grupo está no controle de um plano ambicioso para transformar a costa leste da Tailândia em um centro de tecnologia com trens-bala, redes 5G e fábricas de carros inteligentes.

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O chamado Corredor Econômico Oriental (EEC) é o principal programa do regime militar da Tailândia, uma tentativa de alavancar investimentos do Japão e de gigantes da tecnologia chineses como a Alibaba e a Huawei para reavivar uma economia que cresceu 4,1% no ano passado, a mais lenta taxa no emergente Sudeste Asiático. Mas uma confusa eleição geral em 24 de março significa que os projetos podem estar sob maior escrutínio, enquanto os críticos acusam as autoridades de desapropriar os agricultores locais para abrir caminho para os investidores chineses.

"Os moradores locais seriam rebaixados para cidadãos de segunda classe", disse Somnuck Jongmeewasin, professor da Universidade Internacional de Silpakorn, que estuda o EEC. "A era colonial está emergindo na região do EEC por meio de políticas de investimento tailandês-chinês". A assinatura da Iniciativa do Cinturão e Rota de Xi Jinping tem sido criticada em países como Sri Lanka e Malásia por projetos de infraestrutura que foram vistos como proporcionando pouco benefício para as nações anfitriãs, enquanto as sobrecarrega com pesadas dívidas.

Mas uma mudança de governo poderia levar a mais análise dos acordos do EEC. "O governo militar continuará exercendo plenos poderes governamentais", disse Harrison Cheng, analista da Control Risks. "A situação fica muito mais complicada uma vez que um novo governo está no poder, independentemente de qual coalizão assuma o controle".

A oposição prometeu lutar, cansada das políticas que promovem monopólios na economia de US$ 455 bilhões, disse Bhokin Bhalakula, ex-assessor de Yingluck Shinawatra, que foi deposto como primeiro-ministro há cerca de cinco anos. Bhokin prefere cavar um canal no estreito istmo da Tailândia, ao sul, como um modelo alternativo de crescimento para o EEC, que está ligado à estratégia nacional de 20 anos do governo militar.

Ontem, o Gabinete do Ombudsman da Tailândia disse que aceitou uma petição pedindo uma revisão por um tribunal sobre se a eleição deveria ser anulada. "Eles acham que trazer gigantes vai melhorar a economia, mas a população de base não está se beneficiando", disse Bhokin. "São apenas os ricos que estão se beneficiando".

Dhanin recusou pedido de entrevista.

Repórteres da matéria original: Blake Schmidt em Sao Paulo, bschmidt16@bloomberg.net;Natnicha Chuwiruch em Bangcoc, nchuwiruch@bloomberg.net

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