Após dois resgates fracassados, Grécia busca uma terceira oportunidade
Yannis Chryssoverghis.
Atenas, 12 jul (EFE).- Após dois planos de resgate no valor total de 240 bilhões de euros em cinco anos, com cortes que fizeram com que o desemprego saltasse de 9% para 27% e a economia perdesse um quarto de seu rendimento, a Grécia solicitou um terceiro resgate, com perspectivas de sucesso incertas.
Nestes cinco anos a dívida do Estado grego passou, segundo o escritório comunitário Eurostat, de 120% a 175% do PIB, o poder aquisitivo se reduziu 37,2%, e um terço da população vive agora abaixo do limite de pobreza, segundo o Instituto de Estudos dos Sindicatos Gregos (GSEE).
O primeiro plano de resgate foi resultado do aumento desmesurado da dívida grega na primeira década de 2000, que passou de 180 bilhões de euros em 2004 a 300 bilhões de euros no final de 2009.
Em maio de 2010 a Grécia assinou com a denominada "troika" - Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) - o primeiro empréstimo de 110 bilhões de euros, em troca de cortes drásticos no gasto público, redução de salários dos funcionários e aumentos de impostos.
O governo grego aceitou, além disso, realizar reformas estruturais, para modernizar o Estado e liberalizar uma série de profissões protegidas, que nunca saíram do papel.
Além disso, o plano previa a avaliação regular de sua aplicação por representantes da "troika".
A assinatura do "memorando" pelo então primeiro-ministro socialista, Giorgos Papandreou, contou com a rejeição total dos partidos da oposição e dos sindicatos.
Enquanto os sindicatos e a esquerda convocavam uma greve geral atrás da outra e paralisavam o país, o novo líder da oposição conservadora, Antonis Samaras, prometia cancelar o memorando se chegasse ao governo.
A aplicação do plano de ajuste acentuou a recessão da economia grega nos dois anos subsequentes, provocou a explosão do desemprego, enquanto a pobreza extrema, que tinha desaparecido desde os anos 1980, teve uma reaparição arrasadora.
Os objetivos financeiros não eram alcançados e cada avaliação da "troika" se traduzia em novas medidas de austeridade, ainda mais draconianas, com objetivos fiscais ainda mais inacessíveis.
Perante o fracasso do primeiro programa, em outubro de 2011 se aprovou um segundo resgate, com um novo empréstimo da "troika" no valor total de 130 bilhões de euros e um perdão de 50% da dívida grega em poder de credores privados.
Em troca, o governo devia eliminar 150.000 postos de funcionários, reduzir drasticamente a despesa da saúde pública, introduzir novos impostos, e reduzir o salário mínimo em 22% (em 32% para os menores de 25 anos).
As eleições de maio e junho de 2012, que aconteceram após a aprovação deste segundo memorando, se saldaram com o afundamento do partido socialista Pasok, que tinha dominado a vida política grega desde a queda da ditadura dos coronéis em 1974.
Além disso, o esquerdista Syriza multiplicava por seis sua influência eleitoral e se transformava na maior força da oposição, enquanto entrava pela primeira vez no parlamento o partido neonazista Aurora Dourada.
O governo de coalizão formado pelo conservador Samaras com os socialistas após as eleições de junho desse ano não pôde alcançar os objetivos financeiros cada vez mais inacessíveis, o que, por sua vez, provocou novas exigências da "troika", e o país mergulhou em dois anos de recessão e em um aumento do desemprego até 27,3% no final de 2013.
A recusa de Samaras, a partir de setembro de 2014, a cumprir as exigências da "troika" acelerou sua queda e em janeiro deste ano o Syriza ganhava as eleições com um programa que prometia o fim da austeridade e a reestruturação da dívida grega.
No entanto, assim que foram retomadas as negociações com os credores, que agora passaram a chamar-se "instituições" ao invés de "troika", o atual primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, teve que jogar pra escanteio boa parte de suas promessas anteriores.
Após cinco meses de negociações, e muita perda de confiança por parte das instituições, o governo de coalizão esquerdista nacionalista acabou solicitando um terceiro resgate e apresentando um programa que inclui duras medidas, como aumentos de impostos e reduções das prestações sociais.
O resgate no valor total de 53,5 bilhões de euros só serviria para devolver créditos ao BCE e ao FMI.
A esse valor poderia ser somado outros 35 bilhões de euros que não são mais que ajudas dos diversos fundos comunitários aos quais a Grécia tem direito como membro da União Europeia.
A reativação da economia, portanto, deverá ser conseguida por seus próprios meios e confiando em que as medidas aplicadas sirvam para isso, ao contrário dos resgates anteriores.
Atenas, 12 jul (EFE).- Após dois planos de resgate no valor total de 240 bilhões de euros em cinco anos, com cortes que fizeram com que o desemprego saltasse de 9% para 27% e a economia perdesse um quarto de seu rendimento, a Grécia solicitou um terceiro resgate, com perspectivas de sucesso incertas.
Nestes cinco anos a dívida do Estado grego passou, segundo o escritório comunitário Eurostat, de 120% a 175% do PIB, o poder aquisitivo se reduziu 37,2%, e um terço da população vive agora abaixo do limite de pobreza, segundo o Instituto de Estudos dos Sindicatos Gregos (GSEE).
O primeiro plano de resgate foi resultado do aumento desmesurado da dívida grega na primeira década de 2000, que passou de 180 bilhões de euros em 2004 a 300 bilhões de euros no final de 2009.
Em maio de 2010 a Grécia assinou com a denominada "troika" - Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) - o primeiro empréstimo de 110 bilhões de euros, em troca de cortes drásticos no gasto público, redução de salários dos funcionários e aumentos de impostos.
O governo grego aceitou, além disso, realizar reformas estruturais, para modernizar o Estado e liberalizar uma série de profissões protegidas, que nunca saíram do papel.
Além disso, o plano previa a avaliação regular de sua aplicação por representantes da "troika".
A assinatura do "memorando" pelo então primeiro-ministro socialista, Giorgos Papandreou, contou com a rejeição total dos partidos da oposição e dos sindicatos.
Enquanto os sindicatos e a esquerda convocavam uma greve geral atrás da outra e paralisavam o país, o novo líder da oposição conservadora, Antonis Samaras, prometia cancelar o memorando se chegasse ao governo.
A aplicação do plano de ajuste acentuou a recessão da economia grega nos dois anos subsequentes, provocou a explosão do desemprego, enquanto a pobreza extrema, que tinha desaparecido desde os anos 1980, teve uma reaparição arrasadora.
Os objetivos financeiros não eram alcançados e cada avaliação da "troika" se traduzia em novas medidas de austeridade, ainda mais draconianas, com objetivos fiscais ainda mais inacessíveis.
Perante o fracasso do primeiro programa, em outubro de 2011 se aprovou um segundo resgate, com um novo empréstimo da "troika" no valor total de 130 bilhões de euros e um perdão de 50% da dívida grega em poder de credores privados.
Em troca, o governo devia eliminar 150.000 postos de funcionários, reduzir drasticamente a despesa da saúde pública, introduzir novos impostos, e reduzir o salário mínimo em 22% (em 32% para os menores de 25 anos).
As eleições de maio e junho de 2012, que aconteceram após a aprovação deste segundo memorando, se saldaram com o afundamento do partido socialista Pasok, que tinha dominado a vida política grega desde a queda da ditadura dos coronéis em 1974.
Além disso, o esquerdista Syriza multiplicava por seis sua influência eleitoral e se transformava na maior força da oposição, enquanto entrava pela primeira vez no parlamento o partido neonazista Aurora Dourada.
O governo de coalizão formado pelo conservador Samaras com os socialistas após as eleições de junho desse ano não pôde alcançar os objetivos financeiros cada vez mais inacessíveis, o que, por sua vez, provocou novas exigências da "troika", e o país mergulhou em dois anos de recessão e em um aumento do desemprego até 27,3% no final de 2013.
A recusa de Samaras, a partir de setembro de 2014, a cumprir as exigências da "troika" acelerou sua queda e em janeiro deste ano o Syriza ganhava as eleições com um programa que prometia o fim da austeridade e a reestruturação da dívida grega.
No entanto, assim que foram retomadas as negociações com os credores, que agora passaram a chamar-se "instituições" ao invés de "troika", o atual primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, teve que jogar pra escanteio boa parte de suas promessas anteriores.
Após cinco meses de negociações, e muita perda de confiança por parte das instituições, o governo de coalizão esquerdista nacionalista acabou solicitando um terceiro resgate e apresentando um programa que inclui duras medidas, como aumentos de impostos e reduções das prestações sociais.
O resgate no valor total de 53,5 bilhões de euros só serviria para devolver créditos ao BCE e ao FMI.
A esse valor poderia ser somado outros 35 bilhões de euros que não são mais que ajudas dos diversos fundos comunitários aos quais a Grécia tem direito como membro da União Europeia.
A reativação da economia, portanto, deverá ser conseguida por seus próprios meios e confiando em que as medidas aplicadas sirvam para isso, ao contrário dos resgates anteriores.
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