Cepal: PIB da América Latina encolherá 9,1% en 2020 devido à pandemia
A agência da ONU com sede em Santiago, que em abril previu uma recessão regional de 5,3% para este ano, explicou que enquanto há países como Uruguai e Paraguai que recuperaram em parte os padrões pré-pandemia e suspenderam medidas de isolamento social, "outros tiveram que mantê-las ou mesmo intensificá-las em vista do aumento persistente de novos casos diários da doença".
Esta é a pior retração da atividade econômica na região desde o início dos registros. Ainda segundo a Cepal, o PIB per capita latino-americano e caribenho voltará aos níveis de 2010, com uma queda de 9,9%.
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Com mais de 3,4 milhões de pessoas infectadas e quase 350 mil mortas por Covid-19, a região é uma das mais atingidas em todo o mundo pela pandemia.
Os países mais afetados economicamente, de acordo com a agência da ONU, serão Venezuela (-26%), Peru (-13%), Argentina (-10,5%), Brasil (-9,2%), México (-9%), Equador (-9%), El Salvador (-8,6%), Nicarágua (-8,3%), Cuba (-8%) e Chile (-7,9%).
MAIS DESEMPREGADOS DO QUE NA CRISE DE 2008-2009.
Além disso, a Cepal acredita que a taxa de desemprego ficará em torno de 13,5% na América Latina e no Caribe, 2% a mais do que a previsão de abril e 5,4% acima do que foi registrado em 2019.
O número de desempregados aumentará assim em 18 milhões de pessoas em relação ao ano passado e chegará a um total de 44,1 milhões.
"Estes números são significativamente mais altos do que aqueles observados durante a crise financeira mundial, quando a taxa de desemprego aumentou de 6,7% em 2008 para 7,3% em 2009", advertiu a Cepal.
Com relação ao índice de pobreza, a agência previu que aumentará neste ano para 37,3%, o que significa que o número de pessoas vivendo nessa faixa passará de 185,5 milhões em 2019 para 230,9 milhões em 2020.
Os maiores aumentos na taxa de pobreza serão em Argentina, Brasil, Equador, México e Peru, e 28,5 milhões passarão à pobreza extrema neste ano, com impacto particular sobre as mulheres, segundo a previsão.
A Cepal também advertiu que a desigualdade aumentará, e as remessas para a América Latina serão seriamente afetadas. A agência também previu que o valor das exportações regionais cairá em quase 23% "principalmente devido à intensificação da contração da demanda global".