Parlamento não tem 320 liberais, diz Maia, sobre votação da reforma
Denise Luna e Vinicius Neder
Rio
18/03/2019 12h19
"Não temos 320 liberais no Parlamento brasileiro", afirmou Maia, ao discursar na abertura do seminário "Reforma da Previdência", promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio.
O deputado não indicou quantos parlamentares seriam a favor da reforma. "É uma construção, mostrando que a agenda de reformas vai criar condições para que o Estado brasileiro volte a ter condições de investir na melhoria da qualidade de vida das pessoas", completou o presidente da Câmara, que classificou o debate sobre a reforma de "amargo".
BPC e aposentadoria rural
O presidente da Câmara dos Deputados defendeu a reforma da Previdência, mas criticou dois pontos da PEC enviada pelo governo: em relação às mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural.
Segundo o deputado, "o governo criou confusão desnecessária no debate" por causa da forma como desenhou as mudanças tanto no BPC quanto na aposentadoria rural, pontos destacados por ele como objetos de "problemas e polêmicas".
Maia lembrou das resistências da sociedade em relação às mudanças nas regras previdenciárias. "Às vezes, estamos debatendo a (reforma da) Previdência e parece que estamos contra as pessoas. Os brasileiros, inclusive servidores públicos, muitas vezes atacam uma reforma que é a favor deles", afirmou o presidente da Câmara, completando que "nunca conseguimos mostrar qual a importância da reforma da Previdência".
Ainda assim, Maia ressaltou a importância de se trabalhar pela aprovação da reforma, pois "construímos, nos últimos 30 anos, um Estado inviável de continuar existindo". "Ou a política reconstrói as despesas ou o divórcio da política com a sociedade será cada vez maior", disse o deputado, numa referência à incapacidade de o Estado atender demandas sociais dos cidadãos.
No fim do discurso, Maia fez um alerta sobre as consequências de a reforma não ser aprovada. Segundo o presidente da Câmara, se o sistema previdenciário quebrar, o governo federal será obrigado a "aumentar o endividamento", mas quando não tiver mais capacidade de colocar títulos da dívida no mercado, terá que "emitir moeda", o que levaria a economia brasileira de volta à "hiperinflação", que corroeria os salários, prejudicando especialmente os mais pobres.