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Uso de inteligência artificial pode elevar desemprego no país, diz estudo

Bruno Romani

São Paulo

18/05/2019 09h15

Responsável por reduzir burocracias, automatizar processos e aumentar a eficiência, a inteligência artificial (IA) pode aumentar o desemprego no país em quase 4 pontos porcentuais, nos próximos 15 anos. Os dados são de um estudo desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com a Microsoft, e foram apresentados ontem.

Para simular o impacto da adoção de IA na economia brasileira, a pesquisa estipulou três cenários de crescimento no uso da tecnologia - um otimista, um neutro e um pessimista. Os panoramas também acompanham previsões de crescimento da economia brasileira.

No mais severo dos cenários, os mais afetados serão os trabalhadores menos qualificados, que poderão ver o desemprego aumentar em 5,14 pontos porcentuais; já o número de vagas qualificadas pode subir com a adoção massiva de inteligência artificial, em até 1,56 ponto porcentual. "A inteligência artificial aumentará a desigualdade no país", diz Felipe Serigatti, professor de economia da FGV e responsável pelo estudo.

A pesquisa analisou seis segmentos da economia: agricultura, pecuária, óleo e gás, mineração e extração, transporte e comércio e setor público (educação, saúde, defesa e administração pública). Os trabalhadores mais afetados no cenário mais agressivo são os mais qualificados dos setores de óleo e gás e de agricultura. O primeiro terá redução nos empregos de 23,57%, e o segundo, de 21,55%. "Esse impacto é diferente entre jovens e adultos, mas ainda precisamos de mais dados", diz Serigatti.

Na pesquisa, foram considerados apenas cenários nos quais o uso de IA varia. Foram desconsideradas possíveis influências de reformas como a previdenciária ou a tributária, bem como mudanças no padrão de crescimento da economia.

Aumento de renda

Por outro lado, a implementação da tecnologia promete aumentar a renda tanto dos trabalhadores menos quanto dos mais qualificados, em todos os cenários.

No mais agressivo, os menos qualificados terão aumento de 7% na renda, enquanto os mais qualificados verão esse número crescer em 14,72%. No mercado geral, o aumento de renda será de 9,26%

A pesquisa detectou nos três cenários o aumento do bem estar da população, o que, segundo Serigatti, é definido como acesso de bens de consumo e serviços: 0,9% no cenário brando e 9,6% no mais agressivo.

O aumento do PIB também é registrado nos três cenários: 0,64% (brando), 1,32% (intermediário) e 6,43% (agressivo).

Educação

A pesquisa foi divulgada em uma palestra sobre educação da Microsoft - empresa que tem longa relação com o governo brasileiro e trabalha no setor de educação.

"A educação é mais importante do que nunca para o futuro do Brasil e pagará dividendos em 20, 30, 40 anos. Eu disse isso a ministros da Educação anteriores", disse Anthony Salcito, vice-presidente da divisão de educação da Microsoft, durante a apresentação.

Questionado sobre o atual momento do Ministério da Educação, Salcito repassou a palavra para Vera Cabral, diretora da área da empresa no país. "É difícil falar sobre governos, mas a gente gostaria de ter um ministro da educação que realmente desse prioridade para a educação", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.