BCE ainda tem munição, mas euro forte limita espaço de atuação, diz Guindos
Eduardo Gayer e Aline Bronzati
São Paulo
08/10/2020 07h17
Há algum tempo circula no mercado que dirigentes do BCE estariam incomodados com a cotação do euro e os impactos disso no processo de recuperação econômica. A presidente da autoridade monetária, Chrstine Lagarde, porém, sempre ressalta que a autarquia não tem uma meta de taxa de câmbio de forma a afastar rumores de eventual atuação do banco central local para conter o fortalecimento da divisa comum.
Guindos ainda alertou, durante o evento, que o BCE não pode deixar que as crises sanitária e econômica trazidas pela pandemia do novo coronavírus se tornem uma crise de dívida. Por outro lado, ele defendeu os estímulos fiscais e monetários sem precedentes que têm apoiado o processo de recuperação da atividade global.
Estabilização de mercados
A dirigente do BCE Isabel Schnabel afirmou nesta quinta que as ações emergenciais adotadas pela autoridade monetária da zona do euro durante a pandemia foram bem-sucedidas em estabilizar os mercados afetados pela turbulência, monitorando os efeitos na inflação. "Nossas previsões continuaram claramente visíveis e as mais recentes indicam que a inflação pode ser de 1,3% em 2022, incluindo as ações adotadas", afirmou.
A meta de inflação estabelecida pelo BCE, porém, é de "pouco abaixo de 2%". A projeção de inflação de 1,3% em 2022 já havia sido feita pela presidente da autoridade, Christine Lagarde.
De acordo com Schnabel, as medidas fiscais ajudaram a mitigar efeitos nos preços do mercado e o dinheiro gasto também deve apoiar a futura geração. As ações fiscais e monetárias, em suas palavras, foram complementares de forma efetiva nesta pandemia. "Os mercados têm se mostrados resilientes à crise", opinou a dirigente. Por outro lado, ela alertou para a possibilidade de reprecificação dos ativos, caso a conjuntura se altere.