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FMI: aperto monetário além da conta pode materializar recessão em grande escala

Diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva participou hoje de debate na abertura da reunião anual do órgão - Remo Casilli
Diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva participou hoje de debate na abertura da reunião anual do órgão Imagem: Remo Casilli

Aline Bronzati, enviada especial

Washington

10/10/2022 14h00

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou que um aperto monetário muito agressivo poderia desencadear a uma materialização dos temores de recessão "em grande escala" no mundo. A preocupação se dá, principalmente, sob o efeito nos países em desenvolvimento, segundo ela.

"O risco de recessões aumentou. Calculamos que cerca de um terço da economia mundial teria pelo menos dois trimestres consecutivos de crescimento negativo entre este e o próximo ano", reforçou Kristalina, durante debate na abertura da reunião anual do organismo, em Washington.

A desaceleração ao redor do globo vai provocar, conforme Kristalina Georgieva, uma perda de US$ 4 trilhões até 2026. "Este é o tamanho da Alemanha", disse, reafirmando dados já citados na semana passada.

Ao seu lado no debate, o presidente do Banco Mundial, David R. Malpass, também chamou atenção para o maior risco de recessão no mundo sob efeito do aperto monetário em curso para conter a escalada da inflação. "Então, onde está o risco e o perigo real de uma recessão mundial no próximo ano?", questionou, citando a desaceleração em algumas economias da Europa. "Então, vamos ver onde isso vai para o próximo ano", alertou.

A diretora-gerente do FMI ressaltou ainda o cenário desafiados atual para formuladores de políticas econômicas, em discurso durante painel com representantes da sociedade civil nesta segunda-feira. Na seara monetária, ela destacou que a inflação precisa ser controlada com aperto monetário. Bancos centrais, porém, devem tomar cuidado para não exagerar no aumento dos custos de financiamento ou tomar decisões muito brandas.

Já para políticas fiscais, o foco deve ser em grupos sociais que "realmente precisam" de suporte.

Kristalina Georgieva recomenda que autoridades "não espalhem apoio fiscal aos ricos", já que "eles não precisam" e isso pode tornar a abordagem muito custosa e pouco eficiente.