Detalhes sobre a causa do apagão vão sair só em 45 dias, afirma ONS
São Paulo
19/08/2023 06h36Atualizada em 19/08/2023 09h32
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) deve concluir até o fim de outubro a avaliação detalhada do apagão ocorrido na terça-feira, 15, que deixou consumidores de 25 Estados e do Distrito Federal sem energia elétrica.
Embora já tenha indicado que o ponto de partida foi uma atuação incorreta no sistema de proteção de uma linha de transmissão no Ceará operada pela Chesf, subsidiária da Eletrobras, o órgão afirma que isso, de forma isolada, não seria suficiente para gerar tamanho impacto no sistema.
Enquanto segue nas análises, o ONS tem operado o sistema em condições "mais conservadoras", disse a instituição. O objetivo é "garantir a segurança do atendimento conforme previsto nos Procedimentos de Rede". Entre as medidas tomadas estão a redução no carregamento das linhas de transmissão e a postergação de manutenções programadas, explicou o ONS, em nota divulgada na noite de anteontem.
O Relatório de Análise de Perturbação (RAP), a ser concluído em até 45 dias úteis, conforme previsto em normativo da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), deverá conter uma avaliação detalhada da ocorrência, da causa raiz, sequência de eventos, desempenho das proteções, dentre outras informações. Também deve incluir recomendações e providências.
Avaliação
Na próxima sexta-feira, 25, está agendada a primeira reunião com a participação do Ministério de Minas e Energia (MME), da Aneel e dos agentes de geração, transmissão e distribuição para avaliar as informações consolidadas enviadas pelos envolvidos na ocorrência, dando início à elaboração do documento.
O ONS informou ter publicado também na última quinta-feira, 17, um documento técnico e inicial com informações consolidadas, denominado Informe Preliminar de Interrupção de Energia no Sistema Interligado Nacional (IPIE), que servirá de base para o diagnóstico final. O documento reitera informações divulgadas na quarta-feira, quando o ONS apontou como ponto de partida do apagão a linha em 500 kV Quixadá-Fortaleza II, mas indicou que o desligamento dessa linha "refletiu desproporcionalmente em equipamentos adjacentes e ocasionou oscilações elétricas (tensão e frequência) no sistema das regiões Norte e Nordeste".
Com isso, houve o acionamento de mecanismos automáticos de proteção sistêmica, visando a conter e minimizar a propagação da perturbação no Sistema Interligado Nacional (SIN). Toda a sucessão de fatos levou à interrupção de cerca de 19 mil megawatts (MW) de cargas do SIN, ou 27% dos 73 mil MW que estavam sendo atendidos por volta das 8h30 daquela terça-feira, quando a ocorrência começou.
Segundo o ONS, a recomposição das cargas foi iniciada em todas as regiões nos primeiros minutos após a ocorrência. A primeira região a ser normalizada foi a Sul, pouco depois das 9h. Por volta das 13h30 todo o sistema de operação sob coordenação do ONS estava restaurado.