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Ibovespa cai 1,23%, aos 128,1 mil pontos, e recua 1,36% na semana

São Paulo, 1

01/11/2024 17h51

O Ibovespa iniciou novembro convergindo para nível do início de agosto, a 128 mil pontos, com a pressão sobre o câmbio - ante o que o mercado percebe como demora da ação do governo sobre as despesas públicas - mantendo a curva de juros em alta e o apetite por ações na Bolsa enfraquecido. Nesta sexta-feira, o índice da B3 recuou 1,23%, aos 128.120,75 pontos, o menor nível de fechamento desde 7 de agosto, então aos 127,5 mil pontos. O giro financeiro foi a R$ 21,8 bilhões na sessão.

Na semana, o Ibovespa acumulou perda de 1,36%, após ter recuado 0,46% no intervalo anterior. Nas últimas cinco semanas, o índice obteve avanço em apenas uma - e bem leve, de 0,39%, entre 14 e 18 de outubro. Hoje, oscilou de 128.069,79 a 129.902,20, saindo de abertura a 129.718,01 pontos. No ano, recua 4,52%.

A cereja no bolo da piora de percepção sobre a situação fiscal veio nesta sexta-feira, com a divulgação de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estará na próxima semana em viagem à Europa. Uma ausência que desagrada ao mercado - e que resultou em pressão adicional no câmbio e na curva de juros doméstica nesta sexta-feira -, impaciente com o que percebe como falta de senso de urgência do governo com relação ao ajuste fiscal.

"A expectativa de um atraso na divulgação do pacote fiscal gera clima de insegurança, especialmente com a viagem do ministro da Fazenda, o que aumenta a desconfiança no mercado", resume Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital, destacando o efeito, em especial, sobre as ações de setores mais sensíveis a juros, como os de varejo e construção civil - exceção nesta sexta-feira para Eztec, na ponta ganhadora do índice, após reportar lucro líquido de R$ 132,6 milhões no 3º trimestre, em alta de 239% ante o mesmo intervalo do ano anterior.

No quadro amplo, o Ibovespa mostrou desalinho ao desempenho de Nova York nesta sexta-feira, onde os ganhos chegaram a 0,80% (Nasdaq) no fechamento, após leitura bem abaixo do esperado para a geração líquida de vagas de trabalho nos EUA em outubro, de apenas 12 mil no mês. A fraca criação de empregos mantém sobre a mesa a perspectiva de que o Federal Reserve poderá efetivar corte de 25 pontos-base na taxa de juros na reunião do próximo dia 7, quinta-feira.

Em contraponto, no Brasil, a economista Bruna Centeno, advisor na Blue3 Investimentos, aponta que o receio fiscal ainda pesa muito sobre a confiança dos investidores, o que impede a Bolsa de pegar a carona do exterior um pouco mais favorável, onde os mais recentes dados agregados sobre a economia americana, entre os quais o payroll, mantêm os Estados Unidos no rumo de juros mais baixos.

Aqui, "a deteriorada percepção sobre o fiscal pesou bastante sobre os preços dos ativos ao longo da semana. E mesmo com a alta vista hoje no petróleo no mercado internacional, as ações da Petrobras estiveram entre as perdedoras do dia na B3, assim como as de grandes bancos e as de varejistas", acrescenta.

No fechamento, Petrobras ON e PN mostravam baixa de 1,95% e de 1,36%, respectivamente, enquanto as perdas da sessão chegaram a 1,81% (Bradesco PN) entre as maiores instituições financeiras. O dia também foi negativo para a principal ação do Ibovespa, Vale ON, em baixa de 0,05%. Na semana, como Gerdau PN (+1,17% no intervalo), a ação da mineradora esteve entre as poucas de primeira linha a avançar, com ganho de 0,49% no período. Na ponta perdedora do índice na sessão, destaque para Vamos (-8,27%), Azul (-6,51%) e Magazine Luiza (-6,34%). No lado oposto, Eztec (+6,51%), São Martinho (+5,21%) e Totvs (+3,72%).

A despeito do cenário doméstico ainda nebuloso, cresceu o otimismo do mercado financeiro sobre o desempenho do Ibovespa na próxima semana, mostra o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 62,50% disseram esperar que o índice tenha uma semana de alta, em comparação a 42,86% na edição anterior. A expectativa de ganhos não aparecia como majoritária desde a semana de 14 de outubro. Os que esperam estabilidade são 25%, abaixo dos 42,86% na última pesquisa. E a fatia dos que disseram que a Bolsa deve ter uma semana de baixa caiu de 14,29% para 12,50%.

"A temporada de resultados do terceiro trimestre pode ser decisiva para impulsionar o Ibovespa em novembro. As expectativas são positivas, para aumentos de Ebitda e da receita, apesar da retração nas commodities, que pode limitar uma recuperação mais intensa do índice", diz Eduardo Nogueira, sócio da One Investimentos. Ele ressalva que o panorama macroeconômico e político, tanto no Brasil como nos Estados Unidos, permanece "repleto de incertezas", entre as quais as eventuais consequências da eleição americana - como as "possíveis tarifas de Donald Trump, que podem impactar a inflação e afetar emergentes como o Brasil".

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