Dólar sobe com fiscal, mas perde força com fator técnico em meio a feriado nos EUA
São Paulo
28/11/2024 09h58
O dólar futuro de dezembro bateu na manhã desta quinta-feira em R$ 6,0025 (+0,72%) na máxima intradia após a abertura, reagindo à aversão ao risco fiscal em meio à coletiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Mas já perdeu força e chegou a cair pontualmente, sob pressão de rolagens de contratos futuros em meio a uma liquidez reduzida pelo feriado nos EUA (Ação de Graças).
O Ibovespa futuro tem queda contida.
O dólar à vista disparou também até R$ 5,9983 (+1,43%) na abertura - renovando máxima histórica intradia, mas já desacelerava à casa de R$ 5,96.
Na renda fixa, os juros futuros dispararam até 25 pontos-base nos vértices intermediários e longos, mas também perderam força após o Tesouro antecipar a publicação dos leilões de hoje de LTN e NTN-F.
Investidores reagem negativamente à coletiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em especial à proposta do governo de ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil, que deve comprometer o arcabouço fiscal, mesmo com a adoção das medidas de contenção de despesas anunciadas, segundo especialistas
De acordo com Haddad, o impacto das medidas de cortes de gastos é de R$ 30 bilhões em 2025 e de R$ 40 bilhões em 2026, conforme já era esperado pelo mercado. A correção do salário mínimo terá reajuste na regra do arcabouço, entre 0,6% e 2,5%.
Haddad enfatizou que o governo quer deixar claro que a reforma tributária é diferente das medidas para reforçar o arcabouço fiscal. Ele salientou que a reforma está em fase final de tramitação do Senado Federal, e que não precisa nem aumentar nem diminuir a arrecadação.
O envio do projeto de lei sobre IR, no entanto, deve ficar para 2025. A medida deve beneficiar com isenção quem ganha até R$ 5 mil e redução para quem ganha entre R$ 5 mil a R$ 7,5 mil. Já a taxação de renda mais alta será progressiva para quem tem renda total acima de R$ 50 mil por mês.
As medidas são insuficientes para o equilíbrio fiscal, diz a Warren Investimentos, que calcula um custo de ao menos R$ 45,8 bilhões com o aumento da faixa de isenção do IR. Isentar quem ganha até R$ 5 mil deixaria apenas 15% da população na base de cobrança do IR, comprometendo a receita, diz a Tendências. O pacote mostra dificuldade do governo em enfrentar revisão mais ampla dos gastos, comenta o Inter. Para a Valor Investimentos, o pacote fiscal tem 2 vertentes - medidas populares e impopulares -, que trarão volatilidade ao mercado.
O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) arrefeceu a 1,30% em novembro, após alta de 1,52% em outubro, próximo do teto das estimativas da pesquisa Projeções Broadcast, de 1,31%. Com esse resultado, o índice acumula alta de 5,55% no ano e de 6,33% nos últimos 12 meses.
O Índice de Confiança do Comércio (Icom) aumentou 3,7 pontos na passagem de outubro para novembro, a 92,7 pontos. Em médias móveis trimestrais, o indicador cresceu 1,2 ponto.
Às 9h47, o dólar à vista desacelerava a alta, cotado a R$ 5,9609 (+0,801%). O dólar para dezembro tinha viés de alta de 0,02%, a R$ 5,9605.