AGU pode acionar Google, após site exibir cotação errada de dólar; BC dará dados a órgão amanhã
Brasília, 25
25/12/2024 17h16
A Advocacia Geral da União (AGU) pedirá informações ao Banco Central amanhã sobre a cotação do dólar depois que o site de buscas Google exibiu durante todo o dia o valor errado da moeda em relação ao dólar nesta quarta-feira de Natal. O órgão informou, por meio de nota, que quer reunir subsídios para eventual atuação relacionada à possível informação incorreta. O Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) apurou que a intenção é a de acionar juridicamente a plataforma multinacional que também atua no Brasil.
O buscador revela que a cotação de hoje é de R$ 6,35, mas os mercados estão fechados por causa do feriado e, portanto, não há negociações. Ontem, véspera de Natal, também não houve transações. A moeda americana com vencimento em janeiro de 2025, o contrato mais líquido, encerrou valendo R$ 6,2050. O dólar à vista - informação que é ofertada na plataforma - fechou ainda mais baixo, em R$ 6,1851.
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O maior valor nominal do dólar em relação ao real foi atingido na quarta-feira da semana passada (18), quando a moeda foi negociada a R$ 6,267, quase R$ 0,10 abaixo da exibida hoje pelo Google. Esta não é a primeira vez que o buscador informa uma cotação errada, mas o caso agora chama mais a atenção porque nesta quarta-feira os mercados estão fechados.
Procurado, o Google no Brasil respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que os dados em tempo real exibidos na busca vêm de provedores globais terceirizados de dados financeiros. "Trabalhamos com nossos parceiros para garantir a precisão e investigar e solucionar quaisquer preocupações", adiantou a plataforma. A empresa acrescentou que as informações sobre suas fontes de dados podem ser encontradas aqui.
Ao abrir o local indicado, é possível identificar que as informações sobre cotações são provenientes da Morningstar, empresa que se declara "líder no fornecimento de pesquisa independente de investimentos". "Nossa missão é criar os melhores produtos para ajudar os investidores a alcançarem os seus objetivos financeiros", informa o site da companhia, que diz ter sede em Chicago e estar presente em 27 países
O BC entregará os dados solicitados pela AGU a partir de amanhã. O presidente interino do Banco Central, Gabriel Galípolo, colocou toda a equipe de alerta, enfatizando a determinação, inclusive, aos funcionários que estão de plantão neste Natal. O atual diretor de Política Monetária comanda o BC no momento porque o presidente Roberto Campos Neto está em recesso até o fim do ano, quando expira seu mandato. Galípolo assume o posto a partir de 1º de janeiro.
Procurada, a assessoria de imprensa do BC não quis comentar a situação. O Broadcast apurou, no entanto, que a autarquia passará os dados à AGU, que teve a iniciativa de se aprofundar sobre o episódio. O relacionamento sobre o caso se dará de forma institucional entre os dois órgãos do governo.
O mercado cambial tem passado por momentos de muita volatilidade desde o início do ano por vários motivos. Um deles é a saída significativa de recursos, como revela semanalmente o BC por meio das operações de dólar contratado. As remessas costumam ser maiores no último mês de todos os anos, mas, em 2024, recordes vêm sendo batidos. Para prover liquidez ao mercado, o BC vem ofertando moeda, também em valores atípicos para o período.