Temor com planos de Trump para tarifas retorna e pesa no Ibovespa, que vai a 119 mil pontos
São Paulo
08/01/2025 11h45
A possibilidade de imposição de tarifas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, volta a ganhar força. Desta forma, os índices de ações norte-americanos caem e contaminam o Ibovespa na sessão desta quarta-feira, 8. Assim, até o fechamento pode interromper uma sequência de duas elevações seguidas, após ter caído à menor marca em cerca de dois anos na sexta-feira. Ontem, o Ibovespa fechou em alta de 0,95%, aos 121.162,66 pontos.
Após ir à máxima em 121.160,25 pontos, o Ibovespa voltou a cair para o nível dos 119 mil pontos por volta das 11 horas. Assim, retorna para o negativo em janeiro e recua em quase toda a carteira, diferentemente do visto na véspera.
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Ao mesmo tempo, o dólar retoma a trajetória de alta e a curva de juros está abrindo, seguindo a ponta longa nos Estados Unidos, pontua Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.
"Nem noticias positivas conseguem evitar a queda. O técnico está muito desfavorável", diz Larissa Quaresma, ao citar o leve aumento nas cotações do petróleo que não impede queda nas ações da Petrobras entre 0,65% (PN) e 0,92% (ON).
Conforme reforça Harrison Gonçalves, sócio da CMS Invest, não há gatilhos para o Ibovespa neste momento em relação a fundamentos. "Sem triggers, só o preço chama a atenção dos gestores. Não há mudança estrutural", diz. Desta forma, o mercado passa por ajuste quando sobe forte, diz, completando que o tom mais protecionista de Trump deve continuar pesando no dólar.
Para a Monte Bravo, a ausência de clareza na conduta fiscal do governo brasileiro reforça a necessidade de uma postura defensiva do investidor neste momento, recomenda a primeira Carta Mensal de 2025 da corretora, enviada com exclusividade ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Segundo o documento assinado pelo estrategista-chefe da Monte Bravo, Alexandre Mathias, a política fiscal expansionista atual no Brasil exige juros reais elevados, levando o risco de um cenário pessimista se concretizar. Neste caso, o Ibovespa cederia aos 100 mil pontos. Contudo, se prevalecer as estimativas otimistas, que levem em conta melhorias fiscais, por exemplo, o índice teria fôlego para subir até os 138 mil pontos no final de 2025.
"Não é o momento para investir em empresas alavancadas sem garantias reais relevantes, pois o custo da dívida tende a permanecer elevado por um longo período", afirma Mathias. O ideal, sugere, é focar em companhias
Conforme Larissa Quaresma, a tendência é de um dólar forte seja pela possibilidade de uma gestão de Donald Trump mais protecionista, com mais tarifárias comerciais e menos impostos para empresas americanas.
Ainda hoje os investidores avaliarão a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que sairá à tarde. Mais cedo saiu a pesquisa ADP de emprego no setor privado dos EUA, que mostrou certo arrefecimento, após indicadores de atividade mais fortes do que o esperado divulgados ontem terem reduzido as apostas de mais cortes pelo banco central americano.
No exterior, hoje há relatos de que Trump considera declarar uma emergência econômica nacional para fornecer justificativa legal para um grande pacote de tarifas universais sobre aliados e adversários. Além do recuo no mercado de ações em Nova York, o petróleo arrefeceu o ritmo de alta há pouco, e o ADR da Petrobras cedia mais de 1,00% por volta das 9h30, com o da Vale recuando 0,23%. A desvalorização ainda reflete o recuo de 0,73% do minério de ferro em Dalian, na China.
No Brasil, a produção industrial de novembro é destaque. Apesar de ter apresentado recuo em relação a outubro, de 0,6%, conforme o esperado, cresceu 1,7% no confronto interanual. Assim, tende a reforçar a ideia de que a atividade permanece aquecida, elevando as apostas de uma Selic elevada por mais tempo, em meio ainda a incertezas fiscais.
Às 11h30, o Ibovespa cedia 0,92%, aos 120.052,07 pontos, ante recuo de 1,12%, aos 119.800,84 pontos, mínima, vindo de máxima em 121.160,25 pontos. Só cinco ações subiam, de um total de 87.