A melhor seguradora para ganhar dividendos de até 11% em 2025
Juros altos ou baixos? Não tem conflito! Existe um segmento na bolsa de valores que vai te permitir ganhar dinheiro em ambos os cenários: o setor de seguros.
As seguradoras têm duas formas de ganhar dinheiro: a primeira, que faz parte do resultado operacional, é com a arrecadação de prêmios - que são os valores pagos pelos clientes que contratam os seguros.
Os clientes pagam pelo seguro, mesmo sem saber se irão utilizá-lo. Para as seguradoras isso é muito vantajoso, porque só precisarão gastar o valor dos prêmios em caso de sinistro. Quanto menos sinistro tiver, melhor para o lucro delas.
Já a segunda forma de ganhar dinheiro é com o resultado financeiro. As seguradoras investem o valor dos prêmios em ativos que seguem o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), um indicador muito semelhante à taxa Selic. É por isso que quando os juros sobem, o resultado financeiro delas engorda. É uma relação ganha-ganha.
Bom momento
Se 2024 foi amargo para as empresas da bolsa brasileira, com o índice Ibovespa recuando 10,36%, pior patamar desde 2021, as seguradoras conseguiram ir na contramão e apresentaram bons retornos. Veja na imagem:
Para este ano, o mercado espera juros de 15%, que podem impulsionar o resultado financeiro das seguradoras. A CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) projeta um crescimento de 10,1% para o setor de seguros em 2025. "Todas as seguradoras serão beneficiadas, mas as que possuem atuação direta no balcão de grandes bancos, como BB Seguridade e Caixa Seguridade, podem se sobressair no setor", avalia Victor Bueno, sócio e analista da Nord Research.
A melhor seguradora para dividendos em 2025
A seguradora mais recomendada pelos analistas ouvidos por esta coluna é a BB Seguridade (BBSE3). A projeção de dividend yield (retorno em dividendos) vai de 9,5% até 11%.
A BB Seguridade atua com seguro de vida, prestamista, habitacional, rural, residencial, empresarial, previdência privada, capitalização, odontológico, além da BB Corretora.Opera sob o modelo de bancassurance, por meio do qual pode ofertar seus seguros por todos os canais físicos e digitais do Banco do Brasil. A parceria tem duração até o ano de 2033.
Rafael Ratto, analista do AGF, cita que o Banco do Brasil tem uma ampla presença em todo o território nacional, sendo um grande propulsor de negócios para a BB Seguridade.
Ambas as empresas também possuem uma boa relação e sinergia nos negócios. "Eles falam a mesma língua e dificilmente o investidor encontrará algum ruído entre controlador e controlada nos balanços trimestrais. Isso é fundamental, porque se essa relação não for muito saudável, você pode acabar sendo penalizado enquanto investidor da empresa controlada", afirma Bruno Oliveira, analista CNPI do Vida de Acionista.
Mas o mercado tem um certo receio com o fim da parceria entre as empresas em 2033. Os analistas acreditam que haverá renovação. "Mas enquanto não tiver a assinatura de um contrato, os investidores ficam cautelosos e vigilantes", aponta Ratto.
Mesmo sendo controlada pelo Banco do Brasil, a BB Seguridade também trabalha em parceria com grandes empresas privadas, que possuem expertise e liderança no setor de seguros, entre estas Mapfre e Principal Financial Group, elenca Milton Rabelo, analista da VG Research. "São empresas com potencial de crescimento no médio e longo prazo", diz.
A BB Seguridade também é líder no segmento rural. Segundo Ratto, o produtor rural acaba contratando novos seguros recorrentemente durante as safras. "Isso retroalimenta a emissão de seguros, evidenciando a confiança do produtor na BB Seguridade", observa.
Por outro lado, também existem riscos. A companhia fica mais exposta a quebras de safras, incêndios, fenômenos climáticos como El Niño ou La Niña, que podem aumentar a sinistralidade dos seguros e reduzir o lucro final da BB Seguridade.
Rabelo lembra que no 3° trimestre de 2024, a BB Seguridade foi prejudicada pelo desempenho ruim do segmento rural. Mas os problemas conjunturais parecem ter ficado no passado e as ações já precificam esses riscos.
Oliveira destaca que a BB Seguridade trabalha em parceria com resseguradoras, como o IRB Brasil (IRBR3), para setores que são mais expostos ao acionamento de sinistros, reduzindo assim o risco de desembolsar recursos próprios.
Ratto cita também as reservas de previdência de R$ 425 bilhões, refletindo a solidez da BB Seguridade. Ele acredita que o resultado financeiro terá um crescimento na receita da companhia neste ano, saltando de 17% para uma média de 30%.
Bueno explica que a BB Seguridade paga dividendos semestralmente, geralmente em fevereiro e agosto. Ele cita que pelo histórico da empresa, a BB Seguridade apresentou um payout (parcela do lucro destinada a proventos) entre 75% e 90% nos últimos anos. Para 2025, a expectativa é distribuições entre 80% e 90% do lucro.
Ratto lembra que a empresa já anunciou proventos de R$ 4,4 bilhões, que podem ser pagos em fevereiro. "Só essa distribuição já corresponde a um dividend yield de 6,23%. Como a empresa paga duas vezes ao ano, o retorno em dividendos vai ser de dois dígitos em 2025", diz.
Investidores já pediram para que a BB Seguridade comece a pagar dividendos trimestralmente, mas como o ingresso de receitas da BB Corretora é semestral, acaba atrapalhando no fluxo de pagamentos mais frequentes. "Mas se o investidor se satisfazer com pagamentos semestrais, a BB Seguridade se encaixa muito bem na carteira de renda", avalia Oliveira.
2° lugar
Para quem faz questão de dividendos trimestrais, uma opção é a Caixa Seguridade (CXSE3). Os analistas esperam um dividend yield entre 8% e 9% para 2025. Os pagamentos ocorrem geralmente em maio, agosto, novembro e no começo do ano.
Desde a sua abertura de capital, a empresa distribui no mínimo 90% do seu lucro em dividendos. Segundo a área de Relações com Investidores da companhia, a Caixa Seguridade deve manter pagamentos trimestrais e o mesmo payout em 2025.
A Caixa Seguridade atua com seguro de vida, prestamista, habitacional, residencial, previdência, capitalização, consórcios e serviços de assistência. Além de participação nos resultados dos seguros vendidos pela rede do Banco PAN.
Mas o carro-chefe da Caixa Seguridade são os segmentos habitacional e residencial. A empresa também possui uma parceria de bancassurance, podendo vender seus seguros pelos canais físicos e digitais da Caixa Econômica Federal até 2050, o que traz mais perenidade.
Contudo, Oliveira alerta que a relação entre a Caixa Econômica Federal e a Caixa Seguridade não é a mais fluída possível. Já teve eventos no passado, no setor prestamista, que elevaram a sinistralidade da Caixa Seguridade. "A relação delas não é 100% amigável", observa.
Os juros altos devem representar um desafio para o segmento imobiliário, aumentando a inadimplência das famílias nos financiamentos. Oliveira garante que a inadimplência maior não impacta diretamente a Caixa Seguridade, mas é inegável que pode reduzir a procura por seguros. Apesar disso, o analista enxerga que a companhia está bem-posicionada para se destacar com o resultado financeiro.
Ratto lembra que a Caixa Seguridade possui mais de 60% de participação no mercado habitacional. No último trimestre, a empresa teve um crescimento de mais de 10% nos seguros habitacional, residencial, prestamista e em reservas de previdência. O desafio é manter esse crescimento acelerado nos próximos anos.
Opção para longo prazo
A menos generosa das seguradoras é a Porto Seguro (PSSA3). Nos últimos anos, a companhia destinou em média 48% do seu lucro para remunerar os acionistas. A empresa já manifestou que quer retomar o payout de 50% nos próximos anos. Analistas já contam com isso para 2025.
O dividend yield esperado é baixo, de entre 5% e 6%. A empresa costuma pagar em abril e novembro, mas não possui periodicidade definida.
A Porto Seguro tem forte participação no seguro de automóveis, que corresponde a 60% das suas receitas, mas tem diversificado suas atividades para outras áreas como saúde, bank e serviços, explica Ratto. "O segmento bank já contribui com mais de 20% nos resultados da Porto, com boa rentabilidade e eficiência. A unidade de saúde dobrou seus lucros em um ano", afirma.
Júlio Borba, analista da Benndorf Research, explica que diferente dos pares, a Porto Seguro não possui parcerias de bancassurance. Mas por ser uma companhia privada, consegue surfar bem no aumento de compra de automóveis. "É a ação mais barata do setor. O risco seria o aumento de sinistralidade, mas isso é difícil ocorrer, somente em catástrofes", avalia.
Os analistas estão muito otimistas com a diversificação de negócios da empresa e acreditam que Porto Seguro possa entregar dividendos maiores no médio e longo prazo.
Isso já é perceptível no ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido). Segundo Rabelo, entre 2011 e 2019, o ROE da Porto apresentou estabilidade em torno de 17%. "Com o resultado das novas verticais saúde e bank, 2024 fechado já deve ter um avanço da rentabilidade superior a 20%", pontua.
O que diz o mercado?
Levantamento do TradeMap para o UOL revela o consenso de 22 bancos, corretoras e casas de análise para as seguradoras. Foram apresentadas projeções para o dividend yield (retorno em dividendos) em 2025 e o preço-alvo (preço até o qual a ação pode se valorizar).
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