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"Esta crise pode ser muito pior para os bancos europeus", diz George Soros

07/09/2011 14h48

SÃO PAULO - Na última terça-feira (6) as ações do setor bancário europeu atingiram o patamar mais baixo desde março de 2009, quando o setor financeiro ainda sacudia a poeira deixada pela quebra do Lehman Brothers.

Mesmo que para muitos a atual turbulência ainda esteja distante da crise que abalou o mercado em 2008, o megainvestidor George Soros acredita que há o risco real de que os bancos europeus sejam afetados de forma ainda mais agressiva no futuro próximo.

"A crise tem um potencial para ser muito pior do que a provocada pelo Lehman Brothers", afirmou Soros em artigo publicado pelo "The New York Times", apontando que hoje não há um órgão comum da Zona do Euro capaz de lidar severamente contra uma crise bancária.

Dificuldade de captação

Basicamente, nos últimos meses os bancos europeus têm uma dificuldade cada vez maior de realizar empréstimos de curto prazo necessários para o fechamento de suas operações diárias.

Para piorar, as instituições financeiras norte-americanas, que possuem grande volume transacionado com as europeias, têm buscado afastamento de exposições ao velho continente, evitando cada vez mais realizar negócios de curto prazo com contrapartes na Europa.

Esse tipo de desconfiança, obviamente guardadas as devidas proporções, forçou a quebra do Lehman Brothers há três anos, uma vez que outros bancos e hedge funds optaram por proteger seus interesses ao mesmo tempo frente ao risco que a instituição oferecia, servindo como gatilho para a crise.

Atraso

Embora as medidas que o BCE (Banco Central Europeu) adotou, como a recompra de títulos, tenham sido insuficientes para conter o nervosismo no mercado acerca dos bancos, alguns pontos são encarados positivamente, ainda que de forma marginal, como a abertura de linhas de crédito para instituições que precisem se capitalizar.

"É por isso que o problema é tão sério, você precisa que uma crise aconteça para criar vontade política de estabelecer uma autoridade anti-crise, a qual ainda não se sabe exatamente como funcionaria", disparou Soros.

Diversos fronts

Ou seja, há ao mesmo tempo a deterioração fiscal de diversos governos e uma dose alta de desconfiança abalando o setor bancário, contra as quais ainda não é possível enxergar uma autoridade única e forte.

"Parece que o setor bancário está sendo ferido em múltiplos fronts", afirmou Philip Finch, estrategista do UBS, também ao "The New York Times". "E o cenário está definitivamente piorando", completou.