Perdeu o emprego? Veja como evitar dívidas até conseguir uma recolocação
SÃO PAULO – Pagar as contas todo final de mês, comprar os produtos essenciais para abastecer a casa e ainda ter de lidar com as altas taxas de juros dos empréstimos ou do cheque especial não são tarefas nada fáceis. Imagine, então, ter de lidar com tudo isso tendo perdido recentemente o emprego.
Será que perder o emprego é sinônimo de desespero financeiro? Será que é impossível manter o mesmo padrão de vida no período em que se procura uma nova recolocação? O que fazer para administrar o orçamento, quando o profissional perde o rendimento mensal?
A reserva financeira
A consultora financeira e sócia da BMI Brazilian Management Institute, Marcia Dessen, explica que é importante estar sempre preparada para essa situação, mesmo que o profissional não acredite que esteja correndo algum risco de perder o emprego. Estar preparado significa ter uma reserva financeira de três a seis salários.
Logo, se você ganha R$ 3 mil, tenha guardado em uma conta “sagrada que ninguém mexe”, de R$ 9 mil a R$ 18 mil, assim poderá procurar um novo emprego tranquilamente. Mas, mesmo que tenha essa reserva, é importante poupar durante o período, pois não há garantias de que encontrará um emprego nesse prazo e ainda poderão ocorrer eventos emergenciais, que poderão exigir mais recursos, como problemas de saúde, por exemplo.
Aperte o cinto
Para quem acabou de ficar desempregado e não tinha a reserva financeira, a situação pode ficar bastante complicada, mas não deve ser considerada sinônimo de angústia. Marcia explica que nesse momento é preciso “apertar o cinto” e fazer o controle de caixa.
Na prática, deve-se sentar e colocar todos os gastos no papel. Vai ser necessário cortar o consumo e priorizar o pagamento do absolutamente necessário, ou seja, parcelas de carros e imóveis, plano de saúde, alimentação e as contas de água, luz, gás, aluguel e outras.
Além disso, procure as gorduras a ser cortadas. "É nessa hora que as pessoas percebem onde estão gastando demais e desnecessariamente”, explica Marcia. Mesmo que você acredite que já viva economizando o máximo que pode, sempre tem onde cortar mais. É um consenso entre os especialistas financeiros que a maioria das pessoas gasta mais do que o necessário em diversas esferas da vida, portanto, é só procurar que você vai achar.
Inclusive, ao encontrar onde reduzir as despesas, grande parte das pessoas encontra gastos que não só pode viver temporariamente sem como pode evitá-lo permanentemente, o que vai permitir poupar mais mensalmente. “Se você já poupava 10% do seu salário normalmente, você vai descobrir que pode poupar 15%”, observa Marcia.
Renegociação de dívidas
Não se deve interromper o pagamento das dívidas, pois são consideradas as contas mais cruéis de todas, já que, se não se efetua o pagamento, ela só tende a crescer pela incidência dos juros e corre-se o risco de ter o nome incluído em cadastros de restrição ao crédito. Marcia ainda sugere que os devedores procurem seus credores e proponham um alongamento da dívida, tentando renegociar a pendência.
O objetivo é alongar o prazo de pagamento para reduzir o tamanho das parcelas, levando em consideração a situação delicada em que se está vivendo. O planejador financeiro Roberto Fonseca de Jesus tem a mesma opinião e ainda sugere que o devedor tente, se possível, quitar suas dívidas.
“Os bancos tendem a ser abertos para esse tipo de renegociação, pois para eles também não interessa que os clientes não tenham condições de pagar”, explica Marcia. Portanto, tenha em mente que os bancos estão interessados em criar uma situação na qualvocê possa realizar os pagamentos e essa renegociação vai reduzir seus gastos mensais.
Jesus explica que “o desempregado tem um poder de barganha com o banco muito maior do que os empregados, pois, aos olhos do banco, eles são possíveis inadimplentes”. Isso quer dizer que na renegociação da dívida o gerente pode oferecer uma proposta para a quitação da dívida muito atrativa, pois entende que o cliente pode se tornar um inadimplente.
Assim, vale a pena considerar tanto as propostas de quitação, quanto de redução de juros e alongamento da dívida. Observe suas contas e veja o que é melhor para suas atual realidade financeira.
A “bolada” a receber
Além disso, o empregado tem diversos pagamentos legais a receber quando é demitido, como o seguro-desemprego, o proporcional de férias, eventuais multas rescisórias e outros. Marcia sugere certo cuidado ao receber esse valor, pois será a sua única fonte de recursos por um tempo difícil de prever.
Esse recurso deve ser usado para os pagamentos das contas essenciais e, mesmo que tenha recursos suficientes para não realizar cortes nos gastos de imediato, em momento de desemprego, o corte é importante, recomenda a especialista.
Por fim, lembre-se de que estar tranquilo, financeiramente falando, é uma questão essencial para conseguir uma recolocação. Se você estiver preocupado com as finanças, ou seja, se vai conseguir ou não pagar as contas ao final do mês, isso vai afetar o seu emocional, o que poderá ficar claro em uma entrevista de emprego.
Ninguém vai dar emprego porque você está passando por dificuldade financeira, acredita Marcia. Além disso, complicações dessa ordem mostram que você não sabe se organizar e que não administra bem suas finanças. Lembre-se ainda que, se estiver desesperado, você corre o risco de ter de aceitar a primeira proposta de emprego que receber, o que dificilmente vai ser positivo para seu crescimento e desenvolvimento profissional.
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