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Empréstimos, cartão de crédito, parcelamento: como e quando utilizá-los?

03/02/2012 14h04

SÃO PAULO – Os produtos de crédito estão à nossa disposição. Empréstimo pessoal, empréstimo consignado, cartão de crédito: é só escolher e usar. Embora os especialistas em educação financeira preguem que é sempre melhor evitar utilizar esses recursos, será mesmo que não podemos usá-los ao nosso favor?

O educador financeiro Reinaldo Domingos explica que o mal do crédito é que ele permite que os consumidores gastem acima da sua realidade financeira. Se, porém, as pessoas foram capazes de não extrapolar, não há nada de errado em usar, por exemplo, um cartão de crédito.

Ao parcelar no cartão em 5 ou 10 vezes, você consegue adquirir um bem sem ter todo o montante à vista. Certo. Mas quais os cuidados que se deve ter? Domingos sugere aos consumidores estabelecer um limite do cartão abaixo de 50% da sua renda mensal.

Estabeleça limites

Na prática, se você ganha R$ 5 mil por mês, o limite do seu cartão deve ser, no máximo, de R$ 2.500. Essa é uma forma de se impor uma disciplina. Para o especialista, é recomendado não utilizar o cartão da forma que os bancos permitem que sejam utilizados. Ou seja, evitar deixar que o limite do cartão seja maior que sua renda mensal.

Além disso, se o consumidor tem apenas uma fonte de renda, ele deve ter em sua carteira apenas um cartão de crédito. É interessante também que o vencimento da fatura aconteça aproximadamente cinco dias úteis após o dia em que recebe seu salário.

No caso dos profissionais que possuem várias fontes de renda, a orientação é que se tenha até três cartões, com vencimentos “um no dia 10, um no dia 20 e um no dia 30”, diz Domingos.

Falando em vencimento e pagamentos, lembre-se de que a fatura do cartão de crédito é processada cerca de sete dias antes da data do vencimento. Logo, se a data de pagamento da fatura for dia 10, as compras que você fizer a partir do dia 4, aproximadamente, só vão entrar na fatura do próximo mês. Assim, você ganha mais tempo para pagar.

Cartão de crédito é uma boa ferramenta, e, se usado com cuidado, ou seja, não permitindo que as faturas ultrapassem 50% da renda, você reduz as chances de entrar em dívidas. Lembre-se de que os juros do cartão são muito altos, “na faixa de 13% por mês”, diz Domingos. Em caso de dívida, em 5 meses, você pode ter a sua dobrada.

Vale ainda aproveitar os benefícios que a empresa de cartão de crédito oferece, como os planos de fidelidade que refletem em passagens aéreas de graça, por exemplo. A anuidade do cartão também pode ser negociada e, em muitos casos, suprimida.

Por fim, se por um lado os cartões de lojas oferecem descontos nas compras, por outro lado, se você não for capaz de pagar a fatura, terá de arcar com taxas de juros elevadíssimas.

Empréstimo pessoal, consignado e financeiras

Além do cartão de crédito, que basicamente oferece dinheiro pré-aprovado em troca de altas taxas de juros, os consumidores podem recorrer aos empréstimos pessoais, aos consignados e às financeiras. Domingos explica que o mais comum é buscar por esse tipo de recurso quando se está financeiramente desequilibrado.

O mais recomendado é sempre guardar mensalmente um valor para conseguir comprar o bem desejado, sem precisar buscar pelo crédito. Domingos aconselha que se recorra a essas modalidades de crédito apenas para eventualidades, sobretudo as de saúde.

Vale pontuar que os consumidores devem poupar mensalmente já se prevenindo para tais eventualidades, mas, como nem sempre isso é possível, essa é a única situação para a qual vale recorrer a essas modalidades de crédito.

Entre o empréstimo pessoal e o consignado, ainda vale uma ressalva. O consignado possui juros mais baixos, porém, lembre-se de que ele incide diretamente no seu salário e simplesmente não há como não pagar.

“Por um lado, os juros são menores, mas não há como negociar, como não pagar, você não vai ter alternativa; vai diretamente na sua fonte de renda”, diz Domingos.

Muitos consumidores também recorrem aos empréstimos para fazer a portabilidade de suas dívidas. Ou seja, pegam empréstimos a juros menores para quitar as dívidas no cartão de crédito, que cobram juros muito maiores.

A estratégia de fato pode ser interessante, porém, se você não fizer um diagnóstico financeiro, para identificar por que as dívidas estão ocorrendo, você só estará trocando de credor, sem resolver o problema de forma sustentável.